São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Vontade do presidente

Primeiro, foi uma inconformada manifestação contra os ``juros escorchantes". Depois, no exterior, vieram as imagens da economia brasileira como ``porto seguro" para os investimentos. Agora com vigor ainda maior, o presidente FHC abraça a tese de que o país precisa manter-se em crescimento.
A ênfase no crescimento, o anúncio enfim de que as restrições ao crédito e ao consumo já bastam e até uma imagem mais bem-humorada do presidente, todos esses sinais convergem numa mensagem positiva, na recusa da recessão.
Talvez por coincidência, os indicadores de setembro sugerem uma reversão no desaquecimento.
As vendas do comércio em setembro superam as de agosto, contrariando as expectativas. Economistas avaliam que as medidas recentes do Banco Central, do apoio a bancos com problemas de liquidez ao relaxamento do sistema de depósitos compulsórios, injetarão novo ânimo no circuito de crédito.
Ainda assim, não há como ignorar uma enorme distância entre o humor presidencial e a realidade concreta que, a julgar pelos juros que o BC defende, pelo desemprego ou pela paralisia de setores importantes (como a agricultura), é uma realidade mais triste que a propaganda oficial.
É bom que o presidente queira aliviar a política econômica, é bom também que surjam sinais de reversão do desaquecimento. Resta esperar que não demore muito até que a retórica presidencial e as ações do seu governo estejam mais próximas da realidade.

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