São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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Governo aposta em vitória por um voto

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo aposta na aprovação da proposta de reforma administrativa hoje na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. No mapa de votação, o governo considera que tem 26 dos 51 votos da comissão, garantindo a vitória sobre o parecer do deputado Prisco Viana (PPB-BA).
Os números foram apresentados ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso pelo líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), em reunião com líderes dos partidos que apóiam o governo.
Ontem, o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), anunciou que o PFL e o PTB decidiram apoiar a proposta do governo para ``salvar a reforma administrativa".
O líder do PMDB, Michel Temer (SP), reúne hoje os 11 membros do partido na comissão. A maioria da bancada está a favor do parecer do relator Prisco Viana, contrário ao governo.
Temer afirmou que vai tentar convencer a bancada do partido na comissão a votar a favor da proposta do governo com a condição de se considerar o fim da estabilidade no emprego, contida no projeto, apenas para os servidores que entrarem no serviço público após a promulgação da lei.
Cabe à CCJ, primeira etapa de votação da reforma, decidir se a proposta fere ou não a Constituição. Prisco considerou oito pontos inconstitucionais e apontou vários erros na proposta elaborada pelo ministro Bresser Pereira (Administração e Reforma do Estado).
Na lista de votos apresentada à Folha pelo líder José Aníbal, o governo conta com, pelo menos, 4 no PMDB, 2 no PPB, 1 no PSD, 13 no PFL, além dos 6 do PSDB.
FHC argumenta que o Congresso não pode recusar a discussão da proposta de reforma. ``Resolvemos salvar a reforma. Vamos aprovar a proposta sem o compromisso de votarmos a favor na comissão especial", disse Inocêncio.
Segundo o líder, não há como fazer um Orçamento equilibrado, diminuindo despesas, se não for feita uma reforma administrativa.
Os 13 membros do PFL e do PTB na CCJ devem votar a favor do projeto do governo ressalvando três itens considerados ``inconstitucionalidades grosseiras".
Vão votar contra as seguintes propostas que, no entanto, não alteram a essência do projeto: a que reserva 20% das vagas nos concursos públicos para pessoas que já ocupam cargos e empregos públicos, a permissão para contratação de estrangeiros e a que acaba com a necessidade de autorização do Legislativo para fusão de empresas no programa de desestatização.
Ontem, a CCJ começou a discutir o parecer de Prisco Viana. O vice-líder do governo na Câmara, Almino Affonso (SP), apresentou seu voto defendendo as propostas do governo.
Os deputados esperavam que Affonso, defendendo o governo, abrisse espaço para negociação. O relatório do vice-líder, no entanto, aceitou apenas os pontos modificados por Prisco que mudavam a redação da proposta, sem alterar seu conteúdo.
O PT deve votar a favor do parecer de Prisco no que se refere à estabilidade do funcionalismo público. Mesmo discordando da posição do partido, o deputado José Genoino (PT-SP) vai seguir a bancada. Ele é a favor da admissão da proposta que acaba com a estabilidade do funcionalismo na CCJ, para que ela seja modificada na comissão especial.

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