São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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FHC adota medidas anti-recessão em 96

SÔNIA MOSSRI; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso adotará, no ano que vem, medidas com as quais pretende reaquecer a economia do país -embora não aceite falar em recessão.
Sua decisão inclui aumento do crédito, queda significativa das taxas de juros, medidas de combate ao desemprego e novas mudanças na política cambial.
A estratégia é uma vitória do ministro Pedro Malan (Fazenda) e do diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, sobre os ministros José Serra (Planejamento) e Sérgio Motta (Comunicações).
Serra e Motta são favoráveis à implementação imediata de medidas anti-recessivas. Já a Fazenda avalia que a queda rápida das taxas de juros e a expansão do volume de dinheiro em circulação na economia comprometeriam o Plano Real, podendo provocar mais inflação.
O único aliado de Serra na Fazenda é o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, que defende uma flexibilização maior e imediata nas restrições impostas ao crédito e ao consumo.
FHC já manifestou a seus principais interlocutores no Congresso a intenção de aquecer a economia no próximo ano, o que coincide com as eleições municipais.
Ele conversou sobre o assunto com os líderes José Aníbal (do PSDB na Câmara), Germano Rigotto (do governo no Congresso), Inocêncio Oliveira (do PFL na Câmara), Luiz Carlos Santos (do governo na Câmara), Sérgio Machado (do PSDB no Senado) e Élcio Álvares (do governo no Senado).

Divergências
FHC tem um sistema para administrar as divergências técnicas entre a Fazenda e o Planejamento.
Cada vez mais, ele marca reuniões conjuntas com as equipes de Malan e de Serra. FHC ouve as posições divergentes de cada uma e dá a palavra final. É a forma que encontrou para tentar evitar que as diferenças se tornem públicas.
Nem sempre o presidente é bem-sucedido. Na última sexta-feira, por exemplo, mais uma vez ocorreu falta de sintonia entre os dois ministérios.
Malan e o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, anunciavam que o programa de privatização aceitaria papéis da dívida externa pelo valor de face (sem desconto).
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no mesmo dia, informava que o programa de privatização só aceitaria dinheiro -o que acabou sendo retificado anteontem, embora ontem Serra tenha afirmado que a Vale do Rio Doce seria vendida em dinheiro vivo.

Intromissões
Reservadamente, a assessoria de Serra se queixa da intromissão da Fazenda em assuntos que são da responsabilidade exclusiva do Planejamento -no caso, a privatização.

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