São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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MST convoca favelados para invadir terras

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA FOLHA NORTE

Líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) estão tentando cadastrar favelados em São José do Rio Preto (SP) para participar da ``maior invasão de terras já feita no país", segundo Miguel Serpa, 34, da coordenação do MST.
Só em Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo), que tem cerca de 1.500 moradores em favelas, o MST quer arregimentar até o fim do ano pelo menos 300 famílias. O trabalho deve prosseguir até dezembro. Serpa diz que, entre Lins e Rio Preto, estão sendo visitados pelo menos 50 municípios.
Em todo o Estado, o movimento espera reunir 5.000 famílias para invadir neste ano uma área ainda indefinida.
O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em São Paulo, Miguel Abeche Neto, diz que o trabalho no MST em Rio Preto é ``provocação e tentativa de confronto".
Nos próximas semanas, o MST vai abrir um escritório em Rio Preto para centralizar as operações.
Até ontem, Serpa estava exercendo suas atividades na casa de Rosimeire Pandarco, 20, que mora no Jardim Eldorado, mas deve retornar ao assentamento em Rancharia (SP), onde estão seus pais.
As famílias de favelados estão recebendo orientação política. Elas se organizam em grupos para arrecadar recursos para chegar ao local das invasões.
Serpa visitou seis favelas -Santo Antônio, Gonzaga, Marajó, Ana Célia, João Paulo 2º e Dom Lafayete- e já marcou reuniões com os moradores em pelo menos duas delas.
A dona-de-casa Sonia Maria Salles Bispo, 37, da favela do Marajó, diz que lá ``o pessoal está muito animado". O barraco de Sonia será usado para reunião ainda nesta semana.
Nas visitas, Serpa entrega jornais, fala sobre as estratégias do MST e as condições para que as famílias participem de invasões.
O MST marcou para hoje, na Câmara de Rio Preto, reunião com sindicatos e políticos para discutir o desemprego e a ``ocupação".

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