São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995 |
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Livro-bomba fere diplomata no Itamaraty
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA Diplomata é ferida gravemente; Polícia Federal suspeita que funcionário demitido tenha enviado explosivoUm livro-bomba explodiu ontem às 16h no 6º andar do prédio anexo ao Itamaraty (Ministério de Relações Exteriores). Uma diplomata ficou gravemente ferida. A bomba, de fabricação caseira, estava num pacote e, segundo a Polícia Federal, teria sido enviada por um oficial de chancelaria demitido do Itamaraty há seis meses, "a bem do serviço público". O funcionário foi identificado como Jorge Mirândola. Mirândola estava sendo procurado pela PF. Ele vinha sendo investigado havia três meses, desde que começou a remeter uma série de seis cartas a diversos setores do Itamaraty. Em pelo menos três cartas havia ameaças ao presidente Fernando Henrique Cardoso. A PF diz que não há motivação ideológica no atentado. Mirândola era procurado em quatro cidades: Brasília, Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Havia a suspeita de que uma segunda bomba teria sido remetida ao Itamaraty. A PF recolheu um pacote suspeito e o levou para uma área segura para averiguações. Não confirmou seu conteúdo. A diplomata ferida é Andréia Cristina Rigueira David, 43, 1ª secretária da carreira de diplomata (posto intermediário). Ela é subchefe da Divisão de Assuntos Previdenciários e Sociais do Departamento de Pessoal do Itamaraty. A explosão foi ouvida em todo o prédio, que tem nove andares. Andréia foi levada por colegas de trabalho para o Hospital de Base de Brasília. Uma segunda pessoa foi levemente ferida. Não precisou ser hospitalizada. O diretor interino da Polícia Federal, Moacir Favetti, que esteve no local duas horas após a explosão, disse que a PF tinha dificuldade para localizar o suspeito porque Mirândola remetia as cartas de vários lugares diferentes do país. Questionado sobre os motivos pelos quais a PF não determinou medidas de segurança mais rígidas para o Itamaraty, Favetti disse que não contava com o risco de haver realmente uma bomba. ``Esse tipo de providência não existe no Brasil", afirmou. Às 18h45, o Itamaraty divulgou nota oficial em que afirma que o ministro Luiz Felipe Lampreia determinara a adoção das ``medidas de segurança cabíveis para prevenir que atos como esse voltem a ocorrer". Entre as providências está a suspensão temporária de todas as atividades do Departamento de Comunicação e Documentação -que recebe as correspondências do Ministério. O ministro quer que todas as correspondências sejam examinadas por especialistas. As embaixadas estrangeiras, em Brasília, vão manter o esquema de segurança normal. O Batalhão Rio Branco, responsável pela ronda na área das embaixadas, não recebeu ordens para reforçar a guarda. A exceção é para a Delegação Especial Palestina no Brasil. Ibrahim Alzeben, representante-adjunto da delegação, disse que a embaixada vai montar um esquema mais severo de fiscalização da correspondência. O líder palestino Yasser Arafat é esperado no dia 17 em Brasília. A bomba explodiu um dia antes de o presidente Fernando Henrique Cardoso comparecer a uma solenidade no Itamaraty. Texto Anterior: Justiça decide sobre estabilidade, diz FHC Próximo Texto: `Parecia um armário caindo' Índice |
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