São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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Incêndio destrói reserva indígena no Pará

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Um incêndio na serra das Andorinhas, no sul do Pará, já destruiu 40% dos 26 mil hectares da terra dos índios aikewer, na reserva Suruí. A área fica entre os municípios de São Geraldo e São Domingos do Araguaia (480 km ao sul de Belém).
Até ontem à tarde, o fogo havia queimado o equivalente a 14.565 campos de futebol (ou 10,4 mil hectares). O incêndio teria começado na madrugada de anteontem.
Os bombeiros vão mandar equipes para a área somente hoje. A reserva fica a 140 km de Marabá.
``Nós não tínhamos como chegar à reserva e foi preciso conseguir emprestado um caminhão do Exército", disse o tenente Sarmânio da Costa, do Corpo de Bombeiros de Marabá, que ficou sabendo ontem do incêndio.
Também seriam enviadas equipes da Polícia Florestal de Parauapebas (600 km ao sul de Belém).
Segundo os índios que foram pedir ajuda em Marabá, não há mortos ou feridos. O fogo está longe das casas da aldeia, mas ainda não foi controlado. O incêndio vem destruindo a mata nativa e parte da roça.
Os índios disseram que as plantações de castanha e cupuaçu já foram perdidas e que o fogo ameaça 1.300 pés de cacau.
O Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) informou que na região há animais raros, como onças-pintadas, tamanduás-bandeira e tatus-canastra, ameaçados pelo fogo. Também há muitos jabutis, preguiças, cotias e pacas.
Funcionários do Ibama e da Funai (Fundação Nacional do Índio) também devem ir à reserva, para onde não há acesso para carros.
A dificuldade para combater o fogo aumenta porque os bombeiros e a Polícia Florestal não dispõem de helicópteros.
Segundo o tenente Costa, os bombeiros vão chegar de caminhão até uma distância de 4 km do incêndio. Depois, seguem a pé.
Para combater o fogo, serão abertas picadas com enxada para isolar os focos e usados abafadores (espécie de mata-moscas gigante feitos de borracha não-inflamável).
Segundo Norberto Neves de Souza, do Ibama em Marabá, a mata está muito seca devido à falta de chuvas nos últimos 140 dias.
``O fogo pode ter se alastrado a partir de uma fazenda vizinha que teria queimado o pasto sem autorização", diz Souza.

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