São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995 |
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O. J. Simpson diz que amava ex-mulher
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Ele falou por telefone ontem de manhã com uma produtora da rede de TV paga CNN, depois de uma noite de celebrações em sua casa. ``Meus filhos não têm mãe. As pessoas parecem não entender que eu amava aquela mulher." Ele foi absolvido da acusação de ter matado a ex-mulher Nicole e um amigo dela, Ronald Goldman, em 12 de junho de 1994. Após o anúncio do veredicto, Simpson, 48, foi levado pela polícia para a casa onde havia sido preso em 17 de junho de 1994. Ali, o esperavam dezenas de amigos e familiares, com uma orquestra, balões e champanhe. A festa atravessou a madrugada. Ontem, segundo um porta-voz, Simpson passou o dia sozinho. Dezenas de cestas de flores foram entregues por mensageiros. Pesquisas de opinião pública continuam mostrando os EUA divididos ao longo de linhas raciais com relação ao veredicto. A rede ABC mostrou que 63% dos brancos ouvidos em sua enquete acham Simpson culpado, enquanto 17% dos negros têm essa opinião. A rede CNN apurou que só 33% de todos os entrevistados em sua pesquisa acharam o veredicto certo, e 56% o consideraram errado. Advogados e representantes de Simpson começam a estudar as diversas propostas que ele tem recebido para contar sua versão do caso ao público. Especialistas em televisão acham que Simpson pode ganhar até US$ 4 milhões por uma entrevista especial, pela qual os assinantes de sistemas de cabo pagariam para assistir. Um segundo livro sobre o caso pode render outros US$ 3 milhões para Simpson (o primeiro, ``Eu Quero Contar a Vocês", lhe valeu US$ 4 milhões). Os direitos para um filme, no qual Simpson poderia representar seu próprio papel, também estão sendo negociados. Ele ainda estuda a possibilidade de fazer uma série de conferências, cobrando US$ 50 mil cada. Mas é difícil que ele volte a seus empregos anteriores. A locadora de veículos Hertz, da qual Simpson foi diretor, porta-voz e garoto-propaganda, disse: ``Nossa relação terminou em 1994". A rede de TV NBC, para a qual Simpson trabalhou como comentarista esportivo por mais de dez anos, se recusou a comentar o assunto, mas indicou ser improvável que ela volte a contratá-lo. Não é apenas Simpson quem pode fazer muito dinheiro com o interesse que seu caso despertou na opinião pública. O juiz Lance Ito recebeu oferta de US$ 5 milhões para escrever um livro sobre sua experiência. Ele ainda não decidiu se aceitará. Os jurados estão recebendo pedidos de depoimentos de publicações sensacionalistas dispostas a pagar até US$ 100 mil por eles. A Organização Nacional das Mulheres (NWO), que anteontem à noite organizou vigília perto do local em que Nicole Brown e Ronald Goldman foram mortos, promete protestos em todo o país. Um dos jurados, Lionel Cryer, acirrou a ira de dirigentes da NWO, ao afirmar: ``Não quero parecer insensível, mas o argumento de que Simpson era um espancador não funcionou". A promotoria apresentou testemunhos de diversos episódios do período em que Simpson humilhou, agrediu verbalmente e invadiu a casa de Nicole. Outra jurada, Brenda Moran, disse que todos os argumentos da promotoria sobre violência doméstica foram ``perda de tempo": ``Estávamos ali para julgar homicídio, não agressões conjugais". Texto Anterior: Promotor quer levar Berlusconi a júri; Ministro acusa jornal de mentir sobre atol; A FRASE; Sabotagem deixa Buenos Aires sem luz; Espinoza faz greve de fome no Chile; Egito mata três militantes no sul Próximo Texto: Promotor pode deixar cargo Índice |
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