São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995
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Tequila, de novo

Os mercados financeiros latino-americanos sofreram nos últimos dias mais uma onda de abalos cujo epicentro é a economia mexicana. Fuga de capitais, desconfiança política e instabilidade financeira, mais uma vez, são os ingredientes desse explosivo coquetel.
Os resultados: mais pressão contra o peso mexicano, elevação dos juros no mercado local. E ressonâncias nos mercados do Brasil e da Argentina. O dólar atingiu a maior cotação frente ao peso dos últimos cinco meses. A Bolsa de Valores mexicana acumula queda de 12,2% nas últimas duas semanas. Não houve remédio: o Banco do México aumentou suas taxas de juros. Mesmo assim, os mercados futuros de câmbio apostam numa desvalorização ainda mais acentuada do peso até o final do ano.
Se os mercados passam a acreditar que a desvalorização é inevitável, os aumentos de juros perdem em grande parte sua eficácia.
Os capitais fogem do país antes que a desvalorização aconteça. Afinal, ao investidor que tem pesos em sua carteira e acredita que o peso vai perder valor, nada mais resta senão vender os pesos e comprar dólares. A corrida para vender porque se acredita que o peso perderá valor detona, portanto, uma perda de valor que acaba confirmando as expectativas iniciais.
Uma corrida assim pode transformar-se em pânico, como já ocorreu em inúmeras situações das chamadas profecias auto-realizáveis. É exatamente o mesmo círculo vicioso que levou à ``débâcle" mexicana do final do ano passado.
E, como no ano passado, volta a dúvida sobre a capacidade dos investidores de diferenciarem entre tequila, tango e samba.

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