São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maluf propõe plano de renda

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, assinou ontem e enviou à Câmara Municipal para votação projeto de lei que cria complementação de renda para famílias que ganham menos de R$ 150,00.
Batizada de Projeto Sobrevivência, a proposta do prefeito é coincidente em alguns pontos com projeto aprovado pela Câmara Municipal, de autoria do vereador Arselino Tatto (PT), mas é menos abrangente (leia quadro acima).
Na proposta da prefeitura, para receber o auxílio as famílias terão que provar que moram na cidade há pelo menos dez anos e que os filhos com até 14 anos estão matriculados em escolas municipais.
O valor do auxílio vai variar de acordo com a renda da família.
Maluf qualificou sua proposta de ``imparcial". ``Não é um programa do tipo `me dá um dinheiro aí'. É um programa social. O pobre precisa", disse.
Irritado, o vereador Tatto acusou Maluf de plágio. ``Eu estou estudando um jeito de processá-lo por apropriação indébita. Ele só mudou os valores e colocou aquela história de ter que morar na cidade há mais de dez anos. Isso é discriminação", afirmou o vereador.
A bancada do PT pretende cobrar da Câmara uma posição de solidariedade ao projeto de Tato, já que ele foi aprovado pelos vereadores. Para virar lei, só estava faltando a aprovação do prefeito.
Mas Maluf vai vetar hoje o projeto de Tatto. ``Vou obstruir tudo que puder. Vou pedir vistas de todos os processos na Comissão de Justiça. Vou obstruir até concessão de título de Cidadão Paulistano", disse o vereador petista.
O objetivo do vereador é derrubar o veto do prefeito e fazer com que seu projeto vire lei. Caso não consiga, a possibilidade que lhe resta é inserir emendas na proposta do Executivo, até que ela fique parecida com o projeto já aprovado em plenário.
Maluf afirmou que vai vetar o projeto de Tatto porque ele é inconstitucional. ``De acordo com a Constituição, a criação de despesas e a isenção de impostos são prerrogativas exclusivas do Executivo. Não cabe aos vereadores legislar sobre isso."
``Quando eu fiz o projeto de lei para isentar aposentados de IPTU, Maluf aprovou. Ele só não aprova o projeto de renda mínima porque é do PT", afirmou Tatto.
Segundo o secretário da Família e Bem-Estar Social (Fabes), Adai Vetorazzo, se o projeto do prefeito for aprovado pelos vereadores, as famílias que quiserem receber a complementação vão ter que se cadastrar na Fabes. ``Assistentes sociais vão fazer um cadastramento rigoroso", promete Vetorazzo.

Texto Anterior: Jatene não paga faturas suspeitas de serem falsas
Próximo Texto: FHC fará evento contra exploração sexual de crianças
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.