São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
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Número de mortos pela PM é o menor do ano

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O mês de setembro apresentou o menor número de civis mortos pela PM (Polícia Militar) na Grande São Paulo neste ano. A PM matou 15 civis. A média dos primeiros oito meses de 1995 foi de 39,5 mortos.
Segundo o secretário-adjunto de Segurança Pública, Luís Antonio Alves de Souza, a queda se deve à operação especial do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano).
A operação consiste em afastar por seis meses do policiamento ostensivo todos os PMs que participem de ações com mortes de civis. Iniciada em 4 de setembro, a operação afastou 28 policiais.
``O policial deve entender que a morte não pode ser encarada de uma forma banal", disse Souza. Segundo ele, o objetivo não é punir, mas reeducar o policial.
A Rota, que é um batalhão especial sem subordinação ao CPM, não está na operação.
O CPM tem cerca de 22 mil policiais e a Rota, 600. A média de civis mortos pelo CPM de janeiro a agosto de 95 foi de 33,5 e a da Rota, 6.
Esses resultados mostram que a Rota mata mais pessoas em comparação com os policiais do CPM. Na Rota, ocorreu uma morte por grupo de cem policiais, segundo média de janeiro a agosto. No CPM, essa taxa foi de uma morte por grupo de 656,7 policiais.
Se compararmos os dados de setembro. A Rota, que matou sete pessoas, apresenta o índice de uma morte por grupo de 85,7 policiais. No CPM, esse número foi de uma morte por grupo de 1.250 soldados.
Em setembro, na vigência da operação especial, o CPM reduziu o número de mortos para 8. A Rota matou 7 no mesmo período.
Nos quatro primeiros dias de outubro, porém, oito civis morreram. O major Adauto Luiz Silva, oficial de Relações Públicas do CPM, disse que ainda é cedo para se falar num recrudescimento das mortes de civis. ``Apenas em uma ocorrência, durante um assalto a banco, quatro civis morreram", disse Silva.
Segundo o major, o comando da PM está satisfeito com os resultados da operação. A iniciativa ainda enfrenta resistências de parte dos oficiais e soldados da PM, que enxergam no afastamento uma forma de punição.
Os policiais afastados são submetidos a uma avaliação e orientação psicológica. No segundo mês, participarão de atividades de resgate no Corpo de Bombeiros.
Depois, farão atividades de policiamento com pequeno risco de confronto com civis, como rondas no centro de São Paulo.
Ao final dos seis meses, o policial poderá escolher se volta ao seu batalhão ou se deseja se mudar para outro.

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