São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
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Novos holandeses se perdem no `cult'

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MONTREAL

A sétima edição do Festival International de Nouvelle Danse (FIND), que acontece em Montreal, Canadá, não só apresenta o que há de melhor na produção mundial, como também coloca questões sobre o futuro da dança.
Neste ano, este evento -que custa US$ 2,3 milhões de dólares aos patrocinadores- homenageia a Holanda, onde a dança vem se tornando uma arte ``cult" nas últimas décadas.
Mas, embora tenha instituições do mais alto nível, como o Nederlands Dans Theatre, dirigido pelo coreógrafo tcheco Jiri Kylian, a Holanda ainda não tem nomes muito marcantes na nova geração.
Mais do que invenção, há ousadia e irreverência na chamada nova dança da Holanda. Perante o espetáculo que o grupo liderado pela dupla Christopher Steel e Suzy Blok estreou na última quarta-feira, os coreógrafos independentes brasileiros não têm o que temer: são mais densos e criativos que os colegas holandeses.
Tudo indica que as propostas consistentes ainda estão nas mãos dos veteranos, como Krisztina de Châtel, 62, de origem húngara, que marca a cena holandesa com uma combinação original de dança pura e dança expressiva.
A novíssima geração tem dificuldade de apontar novos caminhos. Blok & Steel, por exemplo, parecem perdidos em meio à parafernália de recursos que eles associam à dança.
``Anybody", espetáculo que a dupla mostrou no 7º FIND, é nada mais do que uma baderna cênica, com um conjunto de hip-hop tocando entre os bailarinos, que chegam a usar muletas ortopédicas, para expressar os danos que a vida urbana causa ao corpo.
Além de produzir um amontoado de bobagens, a dupla também peca na qualidade de movimentos, considerando as oportunidades de formação que têm na Europa.
Tanto desperdício, que hoje conta inclusive com apoio financeiro do governo holandês, faz pensar na real colaboração que a dança contemporânea brasileira ainda pode oferecer ao mundo.

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