São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
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Chega de ministérios

Todos os partidos que apóiam o governo, em tese, defendem a austeridade nas contas públicas e reconhecem a sua importância para o combate à inflação. Como sempre, porém, prevalece a tese de que a austeridade só vale para os outros.
A iniciativa de senadores nordestinos de tentar driblar a premente necessidade do governo de controlar o seu caixa com a criação de um ministério especial para o Nordeste parece despropositada.
Tornou-se um hábito, no Brasil, criar um ministério ou órgão especial para resolver cada problema específico que surja. O resultado é, invariavelmente, mais custos para o governo, mais cargos para os políticos e a permanência do problema que originou o órgão.
Ninguém duvida da necessidade de obras e verbas de caráter social, principalmente para as regiões Norte e Nordeste do país. Ocorre, porém, como bem o demonstrou a eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso já no primeiro turno, que a estabilidade da moeda é o primeiro e mais fundamental passo no sentido de melhorar a situação do país campeão mundial da desigualdade social.
O imposto inflacionário era de fato uma chaga que punia fortemente a camada mais pobre do país, que não tem acesso a bancos, e remunerava positivamente o grande capital. É claro que ainda há muito por fazer, mas não permitir a volta dos escandalosos índices de inflação é um imperativo. Outro é sepultar a triste e cara cultura do ``um problema, um órgão".

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