São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
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Desassunto

Há pouco mais de um ano, o tema mobilizava paixões; profecias as mais divergentes conflitavam-se, dominadas pela campanha eleitoral. Podia ser mais um truque, uma maquiagem, um embuste.
Hoje, é quase um desassunto: a inflação. Os mais pessimistas acham que as taxas mensais voltarão a algo como 1,5%, mas já são poucos os que duvidam da possibilidade, antes inimaginável, de a inflação subir e, depois, cair.
Uma inflação de 0,74%, como a que a Fipe registrou em setembro no município de São Paulo, não se via desde dezembro de 1973, ou seja, havia quase 22 anos.
Com essa taxa, a inflação acumulada de 95 chega a 18,52%. Nos últimos 12 meses, a inflação foi de 27,56%. Ou seja, em um ano é quase a metade do que se registrava, por mês, antes da estabilização.
Considerando-se a história dos planos econômicos, é uma vitória sem precedentes. Mas ainda não é uma questão resolvida.
Predominam ainda as âncoras cambial e monetária, ou seja, uma taxa de câmbio que é corrigida com atraso, e uma taxa de juros que impede o aquecimento excessivo da economia. Falta o ajuste fiscal, falta corrigir muitos preços públicos, falta ter certeza de que o comércio exterior não se tornou cronicamente deficitário, falta saber se a estabilidade alcançada servirá como indutora de investimentos, crescimento econômico e maior emprego.
Enfim, inflação é hoje quase um desassunto. Mesmo assim, ainda há razões de sobra para muito desassossego.

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