São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Menores dizem que termo `meninos de rua' assusta e cria preconceito

FERNANDO ROSSETTI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O termo ``menino de rua" assusta os próprios meninos de rua. Envolto em preconceito, o termo chega a afastá-los de entidades como o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), que encerra hoje em Brasília seu quarto encontro.
``No começo, fiquei com medo de entrar no movimento. Pensei que era para bagunçar, cheirar cola, essas coisas", diz Sandro Pereira da Silva, 17, de Recife (PE).
Antes de tomar contato com os educadores, a impressão, segundo vários dos garotos do encontro, é que o MNMMR é uma espécie de organização criminosa.
``Quando contei que ia participar do encontro, meu pai disse: `Você vai é numa reunião de trombadinhas'. Mas, agora, minha família já está consciente do que é o movimento", diz José Wilson dos Santos, 18, que de engraxate e lavador de carros se tornou educador de rua em Recife.
Segundo a coordenadora nacional do MNMMR, Maria Iêda Lopes da Silva, 51, "a sociedade não percebe que apenas um grupo menor entre os meninos de rua rouba ou usa drogas.
Para ela, o preconceito existente na sociedade não se restringe aos meninos e meninas de rua, mas à pobreza em geral. "Como o menino que está na rua é um representante legítimo da pobreza, esse preconceito se volta contra eles.
Ontem à noite, os meninos apresentariam no Teatro Nacional os resultados das oficinas realizadas de dia -danças, pinturas, vídeos, músicas, entre outros.

Texto Anterior: Primeira vítima foi espancada
Próximo Texto: Tropa de elite da PM mata a tiros dois guardas-civis em São Paulo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.