São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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Tropa de elite da PM mata a tiros dois guardas-civis em São Paulo

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois guardas-civis metropolitanos foram mortos a tiros pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar da PM) ontem, às 13h, em um lava-rápido na rua Augusto Ferreira Moraes, no Socorro (zona sul de São Paulo).
A Polícia Civil decidiu prender em flagrante, sob a acusação de assassinato, três dos quatro PMs da Rota. Segundo o delegado Marcos Antônio Gama, 50, do 102º DP, várias testemunhas disseram que os PMs chegaram atirando.
Ainda de acordo com o delegado, os guardas estavam trabalhando durante a folga como seguranças de uma agência bancária e resolveram abordar três adolescentes que teriam roubado clientes da agência na saída do banco.
``Alguém viu os guardas apontando as armas para os adolescentes e avisou a Rota. Eles chegaram atirando. Um dos PMs estava com duas armas. Eles não deram tempo para os guardas falarem o que estava acontecendo", disse Gama.
A polícias Civil e Militar negociaram a apresentação dos PMs acusados para que eles fossem presos no 102º DP. Segundo o delegado, a Rota já havia concordado, ontem às 20h, com a ida dos três policiais à delegacia.
Segundo a Rota, os guardas assaltavam três adolescentes e reagiram à ordem de prisão atirando.
Paulo César Ferreira, 23, e Marco Antônio Alves Feitosa, 24, haviam entrado na GCM (Guarda Civil Metropolitana) em 1992.
O sindicato dos guardas civis classificou o caso como uma ``execução". ``Os PMs estão tentando torcer o caso", afirmou o presidente do sindicato, Júlio César Kiel, 29. De acordo com Kiel, os policiais chegaram atirando e não deram tempo para os guardas se identificarem.
Segundo a PM, o carro número 163 da Rota estava patrulhando o largo do Socorro quando foi parado por algumas pessoas. Elas teriam avisado os PMs de um roubo em um lava-rápido.
Ainda de acordo com a PM, os policiais da Rota viram dois homens espancando três adolescentes. Os PMs teriam ordenado aos homens que largassem os rapazes.
Os policiais da Rota relataram que, em resposta, os dois homens atiraram. Os PMs teriam revidado e baleado os dois guardas.
No local, os PMs disseram que acharam os adolescentes M.R., O.D.F. e S.S.. Este último teria levado um tiro no rosto disparado por um dos guardas, que também teriam roubado R$ 230 de O.D.S..
Após o tiroteio, os PMs teriam levado os guardas e o adolescente feridos ao Hospital Regional Sul, onde Ferreira e Feitosa morreram.
Os PMs disseram que encontraram três armas com os guardas. Uma delas seria uma pistola e as outras duas seriam revólveres calibre 38, sendo que um deles havia sido roubado há um mês.
A Polícia Militar também abriu inquérito para apurar o caso.

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