São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995 |
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CD-ROM invade a feira de Frankfurt
JOSÉ GERALDO COUTO
O número de expositores que apresentarão produtos eletrônicos (CD-ROMs, obras em disquete, serviços ``on line" etc.) é quase três vezes o do ano passado: 1.221 em 95 contra 430 em 94. Segundo o diretor da feira, Peter Weidhaas, que falou à Folha por telefone, de Frankfurt, o mercado internacional de livros passa por anos difíceis devido ao aumento de até 40% dos preços do papel. Talvez por isso, comparado ao de produtos eletrônicos, o número de livros expostos, embora astronômico, cresceu muito pouco: 327.466 este ano contra 321.975 no ano passado. O crescimento do número de expositores foi razoável: de 8.628 em 94 para 8.889 este ano. O espaço da feira (131 mil metros quadrados) já está ficando apertado para tanta gente. A organização promete acrescentar dois novos pavilhões em 1996. O país-tema desta edição do maior evento editorial do mundo é a Áustria (em 94 foi o Brasil). Segundo Weidhaas, os austríacos, num fato inédito na história da feira, construíram seu próprio pavilhão, em vidro e aço, fora do conjunto de edifícios do evento. Nesse pavilhão de vidro, em que funcionará um café vienense típico, ocorrerão espetáculos musicais, exibições de filmes e debates com autores austríacos. Haverá ainda uma exposição-surpresa chamada ``O Sexto Sentido", que o próprio assessor de imprensa da feira, Holger Ehling, disse à Folha não saber do que se trata. O mais badalado autor austríaco com presença garantida é Josef Haslinger, 40, ensaísta polêmico que lança seu primeiro romance, o ``thriller" político ``Opernball" (Baile da Ópera). Outra novidade desta edição da feira é a série ``Ponto de Encontro Norte-Sul", com debates entre editores e autores dos dois hemisférios. Nos três anos anteriores o ``encontro" foi Leste-Oeste. Entre as celebridades internacionais esperadas estão o britânico Ken Follett, que divulga seu novo best seller, ``A Place Called Freedom" (a sair no Brasil pela Rocco), e Gnter Grass, o mais importante escritor alemão vivo. O mais recente livro de Grass, ``Um Campo Vasto", muito polêmico na Alemanha por questionar a unificação do país, deve ser lançado no Brasil pela Record. Outros nomes de destaque com presença garantida são os americanos Louis Begley (com ``O Olhar de Max"), Richard Ford (``Independence Day") e John Irving (``A Son of the Circus"). O nigeriano Wole Soyinka, Prêmio Nobel de literatura em 86, participará de manifestação em defesa do escritor Ken Saro-Wiwa, seu conterrâneo, preso por liderar o movimento contra os poços de petróleo numa região do país. O britânico Hanif Kureish (autor de ``O Buda do Subúrbio" e roteirista de ``Minha Adorável Lavanderia") divulgará seu novo romance, ``The Black Album", que a Companhia das Letras deve traduzir. O norueguês Jostein Gaarder, autor de ``O Mundo de Sofia", apresenta seu novo livro, ``As Cartas Misteriosas" (também comprado pela Cia. das Letras). Diferentemente do ano passado, em que o Brasil era tema da feira e mais de 40 escritores nacionais foram a Frankfurt, este ano as editoras não vão levar seus autores. Quanto aos negócios, todos os grandes editores dizem que a ``época heróica" da feira, em que havia os grandes leilões e os ``livros do ano", já passou. Como define Pedro Paulo Sena Madureira, da Siciliano, ``Frankfurt é o local para fechar negócios que começaram meses antes ou iniciar negociações que serão concluídas meses depois". Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Brasileiros vão divididos Índice |
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