São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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A padroeira do Brasil

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Neste fim de semana e, em especial, no dia 12 de outubro, mais de cem mil romeiros estarão se dirigindo para o Santuário da Padroeira do Brasil. A cidade de Aparecida não tem atrativo turístico pela beleza da natureza ou pelos monumentos históricos. A romaria é uma expressão de fé.
Quem vai ao santuário mariano deseja, por meio da Virgem Maria, encontrar-se com Deus para louvá-lo, agradecer os benefícios recebidos e pedir, com confiança para si e para os outros, as graças de que necessita. São muitos os que procuram reconciliar-se com Deus, recebendo o sacramento do perdão.
A história do Santuário da Padroeira do Brasil está marcada por muitas graças alcançadas de recuperação da saúde, superação de riscos e dificuldades e por inúmeros favores espirituais de conversão e de paz familiar.
O santuário tornou-se, também, lugar privilegiado de peregrinação de dioceses e paróquias, grupos de fiéis que vêm em grande número, aos pés de Nossa Senhora Aparecida, celebrar com gratidão as datas significativas de sua vida eclesial.
A devoção a Virgem Maria é para os cristãos a resposta agradecida ao dom que Jesus Cristo quis, generosamente, nos fazer, confiando-nos a Ela como Mãe, na pessoa do apóstolo João (João 19,27). Os romeiros, no santuário mariano, a exemplo de Maria, aprendem com Ela a cumprir com amor a vontade divina. No próximo dia 12 de outubro, procuraremos unir nossas preces às dos peregrinos, pedindo à nossa padroeira que auxilie o povo brasileiro a aproximar-se mais de Deus e a viver a verdadeira solidariedade fraterna que vença as injustiças sociais.
Entre as muitas graças de que necessitamos, há duas que requerem proteção de Deus e urgente empenho de nossa parte. A primeira é o combate contra o abuso da bebida alcoólica, que prejudica a saúde, altera seriamente o relacionamento conjugal e familiar e a educação dos filhos.
O álcool reduz a percepção e a coordenação motora e causa graves acidentes de trânsito. Está provado que a concentração de apenas 0,9 grama de álcool por litro de sangue aumenta em três vezes o risco de acidentes. A ingestão do álcool tornou-se a principal causa de acidentes no mundo. Na cidade de São Paulo, as bebidas alcoólicas são responsáveis por 40% das mortes de motoristas. Pobres e ricos precisam convencer-se da necessidade de tratamento e libertar-se da dependência do álcool. Para isso, muito ajudará o apoio dos alcoólicos anônimos (AA), que, com perseverança, têm conseguido resultados compensadores.
A segunda graça refere-se à união da vida familiar. O individualismo exacerbado, a permissividade moral aliada à sede do prazer desenfreado, a insistência de programas televisivos, sem referencial ético, tudo isso vem enfraquecendo a união na família. Daí a necessidade de uma reeducação para o amor gratuito, à luz do Evangelho. É esse amor que está na origem da doação conjugal fiel, capaz de generosidade, sacrifício e perdão. Diante da Mãe de Deus e nossa e por sua intercessão, muitos hão de reencontrar a alegria da união na própria vida familiar.
No dia da Padroeira, rezemos todos a Deus pelo Brasil. Os romeiros, que levam sofrimento e súplicas, voltem para suas casas com muita esperança no coração.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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