São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Faltou tudo

MARCELO LEITE

Faltou tudo nessa reportagem: prudência, bom senso, perícia, desconfiança, investigação. Inclusive contra Alemão, se fosse o caso, que há bem pouco tempo nada tinha contra Medeiros. Nessa guerra suja, como tantas de alguns setores do sindicalismo, o bom jornalismo foi a primeira vítima.

Bomba
O caso da semana foi a da explosão no Itamaraty. Além do bom desempenho jornalístico da Folha -único jornal a obter entrevista e foto do suspeito Jorge Mirândola no dia de sua prisão- e da inoperância da Polícia Federal em prevenir o atentado, o que mais chamou a atenção foi a sem-cerimônia com que apresentou o acusado à execração pública.
A esse propósito, reproduzo trechos da carta que recebi anteontem do leitor Luiz Arnaut, de Belo Horizonte:
``O grande absurdo cometido quando da cobertura do caso Escola Base está sendo reeditado. Vários veículos de comunicação, incluindo a Folha, estão tratando o sr. Jorge Mirândola como uma Maria Madalena. Todos jogam pedras, acusam, desrespeitam sua intimidade. Veja as fotos publicadas. As quatro fotos de propriedade de Mirândola, nas quais ele está à `cowboy', são privadas e ninguém tinha o direito de publicá-las sem prévia autorização. (...) Não estou tomando as dores de Mirândola. A violência cometida contra a diplomata David deve ser punida".
É sempre bom quando alguém se lembra dessas coisas. Mas discordo do leitor Arnaut num ponto: existe uma enorme curiosidade pública em torno do possível autor do atentado, e os jornais nada mais fizeram do que satisfazer essa demanda. Se as fotos eram de caráter privado e foram recolhidas durante o trabalho policial, o dever de mantê-las em reserva cabe à autoridade.

Megaerramos
Como eu, o leitor deve ter ficado para lá de surpreso com o erramos de página inteira publicado domingo passado pela Folha, a propósito dos muitos problemas e atrasos com a encadernação de fascículos.
Só me cabe dizer que foi a coisa mais certa e digna já feita pelo jornal, desde que os problemas começaram (e já lá vão mais de seis meses). Foi a primeira vez que fiquei satisfeito por ver um anúncio expulsar texto de minha autoria para outra página (a coluna do ombdusman saiu semana passada na de número 1-12).

Mais ombudsman
Há cerca de um mês, quando falei do restrito clube dos ombudsman de jornal no Brasil, cometi duas omissões, pelas quais faço penitência pública: Marcio Calafiori é ombudsman do jornal ``Diário do Povo", de Campinas (SP); e Lauro Motta, do ``Rumos", publicação mensal de Fortaleza dirigida a padres casados.

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