São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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DA REDAÇÃO

Preferência pela democracia passa de 46% para 50% em seis meses
A última pesquisa Datafolha sobre regimes políticos revela que 50% da população classifica a democracia como o melhor sistema de governo, contra 14% que consideram que, sob certas circunstâncias, é melhor uma ditadura.
A sequência de levantamentos mostra que, em relação a março de 1995, as preferências democráticas subiram quatro pontos percentuais, acompanhadas por uma queda, também de quatro pontos, das simpatias pela ditadura.
A taxa dos indiferentes permaneceu constante -oscilou de 25% para 24%, dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A evolução das tendências guarda estreita correlação com a conjuntura político-econômica vigente na época da pesquisa. No primeiro levantamento, em setembro de 89, ao final do governo José Sarney (85-90), 43% apoiavam incondicionalmente a democracia.
Em novembro de 89, época do primeiro turno das eleições presidenciais, o apoio à democracia cresceu para 54%, ficando nesse patamar até a posse de Fernando Collor de Mello, em março de 90.
Durante a gestão Collor, a preferência pela democracia sofreu forte desgaste, atingindo 42% (seu nível mais baixo) em fevereiro de 92, quando o governo já era objeto de várias denúncias de corrupção. Nesse período, os adeptos de uma ditadura chegavam a 22%.
O impeachment de Collor, em setembro, marcou uma recuperação das inclinações democráticas, que atingiram 48%, e uma estabilização das tendências autoritárias em 23%.
Em março de 1993, véspera do plebiscito sobre sistema e forma de governo, o apoio à democracia atingiu 59%, o ponto mais alto em todas as pesquisas.
Em novembro de 1993, já sob o impacto do escândalo do Orçamento no Congresso, as tendências democráticas caíram para 47%, enquanto a adesão à ditadura voltava a subir, chegando a 21%.
Em dezembro de 1993, com o anúncio das primeiras medidas de estabilização da economia, a democracia se recupera (54%), mantendo-se nesse mesmo patamar após a implantação do Plano Real.
Os primeiros meses da gestão FHC acarretaram novo desgaste para as preferências democráticas, reduzidas a 46%, e novo alento às inclinações autoritárias (18%). Os números coincidiram com o veto presidencial ao reajuste do salário mínimo, acompanhado de grande aumento no salário do presidente, dos ministros e dos congressistas.
Os efeitos desses fatores se diluíram nos meses seguintes, com a concessão de reajustes salariais, acompanhada da persistência dos baixos índices de inflação.
As maiores taxas de preferência pela democracia são encontradas entre os simpatizantes de dois partidos governistas, o PSDB (63%) e o então PPR, hoje PPB (61%). Já as taxas mais elevadas de preferência pela ditadura são encontradas nos principais partidos de oposição, o PDT (19%) e o PT (16%).

A pesquisa do Datafolha é um levantamento estatístico por amostragem estratificada por sexo e idade, com sorteio aleatório dos entrevistados. O conjunto da população adulta do país é tomado como universo da pesquisa. Nesse levantamento, realizado no dia 18 de setembro, foram entrevistadas 2.921 pessoas em 211 municípios de todas as unidades da Federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, num intervalo de confiança de 95%. A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino e a estatística Renata Nunes César.

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