São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Sem-terra invadem outra fazenda no Pontal

PAULO FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL AO PONTAL DO PARANAPANEMA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem às 5h30 da manhã a fazenda São Domingos, no Pontal do Paranapanema, oeste do Estado. A ocupação foi feita por aproximadamente 500 sem-terra. Esta invasão, segundo a liderança do movimento, representa o início da ocupação das fazendas situadas fora do 11º Perímetro de Mirante do Paranapanema.
A fazenda São Domingos fica em Sandovalina. A área, segundo o MST, tem 3,2 mil hectares.
Os sem-terra restringiram suas invasões e ocupações ao 11º Perímetro de Mirante desde 1990, quando deixaram a fazenda Nova do Pontal, em Rosana, e se transferiram para a fazenda São Bento. Desde então, nenhuma área fora do Mirante foi invadida.
A invasão da fazenda foi planejada por mais de uma semana pela liderança do MST no Pontal. Ontem, a ação começou em quatro pontos diferentes. Os sem-terra se reuniram nas fazendas São Bento, Washington Luís e Santa Clara e no acampamento 1º de Abril.
O toque de reunir foi dado às 3h da madrugada nos quatro locais. Uma hora depois, às 4h da madrugada, as caravanas começaram a sair de seus pontos de concentração. O maior comboio saiu do acampamento 1º de Abril, com 45 veículos, lotados de sem-terra.
Os quatro comboios chegaram à fazenda São Domingos às 5h25.
Às 5h40, já com o dia começando a clarear, seis tratores começam a preparar a terra, quando aparece José Rainha Júnior, o líder dos sem-terra no Pontal.
Rainha reuniu seus liderados e improvisou uma entrevista coletiva. Ele explicou que a ocupação da fazenda São Domingos significa uma nova fase do movimento no Pontal. ``Como as terras do 11º Perímetro não são suficientes para assentar todo mundo, começamos aqui as ocupações de áreas de outros perímetros, até conseguir assentar todas as famílias de sem-terra da região", disse.
Sobre o acordo firmado entre o governo do Estado e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ele disse que ``o governo dizia não ter recursos para os assentamentos. Com o dinheiro do Incra, dá para assentar todo mundo imediatamente".

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