São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Bancos aplicam R$ 3,6 mi no Congresso
GUSTAVO PATÚ; MARTA SALOMON
Esse é um dos principais interesses políticos dos bancos privados nacionais, que investiram pesado na eleição de parlamentares. Segundo os gastos declarados à Justiça Eleitoral em 13 Estados, os bancos "aplicaram" R$ 3,6 milhões no financiamento das campanhas de parlamentares eleitos. Ao lado das empreiteiras, foram os maiores patrocinadores das campanhas. O argumento dos bancos para evitar a abertura de novas agências de instituições estrangeiras no país é o mesmo repetido por alguns parlamentares: os bancos brasileiros são discriminados lá fora. ``Tem que haver reciprocidade", defende o deputado Paes Landim (PFL-PI), o parlamentar que mais recebeu dinheiro dos bancos na campanha. Enquanto não for regulamentado o artigo 192, que dispõe sobre o sistema financeiro, os bancos estrangeiros estão proibidos de aumentar sua rede de agências ou seu capital no país. Só no mês passado o Executivo decidiu utilizar a brecha do texto constitucional para permitir a venda de bancos estaduais. Mas a entrada de bancos estrangeiros, se houver, será condicionada à autorização do CMN (Conselho Monetário Nacional). A regulamentação do artigo 192 tocará em pelo menos dois outros temas estratégicos para os bancos nacionais: o limite máximo de 12% para os juros anuais e a criação de um seguro destinado a cobrir os depósitos da clientela, previstos no texto constitucional. No comando da comissão especial da Câmara encarregada de regulamentar o artigo estão três deputados que receberam dinheiro dos bancos em suas campanhas. O cargo mais importante é o do relator da comissão, Benito Gama (PFL-BA), cuja campanha recebeu R$ 80 mil do sistema financeiro. Na cúpula da comissão estão ainda os deputados Antônio Kandir (PSDB-SP), segundo vice-presidente, e Mussa Demes (PFL-PI), terceiro vice-presidente, que receberam de bancos R$ 100 mil cada. Benito Gama diz que pretende apresentar seu relatório no final do ano. Ele atribuiu a demora da regulamentação ao comportamento da economia: ``Faltaram condições macroeconômicas." As contribuições dos bancos informadas ao TSE são irrisórias, se comparadas a seus lucros recentes. O lucro do Bradesco, o banco mais ativo na campanha eleitoral, foi de R$ 445,7 milhões em 94. O do Itaú, R$ 320 milhões. Reserva O texto da Constituição sobre a reserva de mercado para os bancos nacionais é praticamente idêntico ao proposto pela Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças, cujo relator era o então deputado, José Serra, hoje ministro do Planejamento. O relatório de Serra foi mantido pelo relator da Comissão de Sistematização, o então deputado Bernardo Cabral (PMDB-AM), e foi aprovado em plenário. (Gustavo Patu e Marta Salomon) Texto Anterior: Preço real do voto ainda é um mistério Próximo Texto: Econômico apostou em Souto Índice |
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