São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Econômico apostou em Souto
MARTA SALOMON; GUSTAVO PATÚ
Todos os políticos que saíram em defesa da reabertura do Econômico, sob intervenção do Banco Central desde 11 de agosto, receberam doações do banco no ano passado. O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), líder da rebelião pela reabertura, recebeu R$ 80 mil. Seu filho, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), que intermediou as negociações junto ao presidente Fernando Henrique Cardoso, levou outros R$ 80 mil. A aposta mais alta de Calmon de Sá foi feita na campanha do governador Paulo Souto, da Bahia, que se propôs a assumir os negócios do banco, estatizando-o por valor simbólico, para salvá-lo da intervenção. Entre junho e novembro de 94, as doações para Souto chegaram a quase R$ 1 milhão. Com a intervenção federal no Econômico, quando o banco já apresentava um rombo de R$ 3,5 bilhões, outros três financiados pelo banco acabaram se envolvendo na crise política gerada pela rebelião da bancada baiana -ACM, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Mário Covas. Pressionado pelos baianos, FHC concordou em estatizar o banco e voltou atrás diante da repercussão negativa da idéia. Covas, um dos críticos, envolveu-se em um bate-boca público com ACM, que queria para o seu Econômico o mesmo tratamento dado ao Banespa do governador. As doações do Econômico às campanhas de FHC e de Covas (R$ 150 mil) na reta final da eleição foram superiores à recebida pelo próprio ACM. Outros membros da tropa de choque de ACM estavam entre os beneficiados, como os deputados Jaime Fernandes (R$ 125 mil), Manoel Castro (R$ 70 mil), José Carlos Aleluia (R$ 30 mil) e Jairo Carneiro (R$ 10 mil), todos do PFL baiano. Castro diz que defenderia o banco mesmo sem ter recebido dinheiro. ``Minha relação com o Ângelo é histórica, todo mundo sabe", argumenta. ``A bancada da Bahia defenderia o banco em qualquer hipótese", reforça Aleluia. Ex-dirigentes do banco ajudaram ACM na briga para tentar salvar o mandato de Fernando Collor: os então presidentes do BB, Lafaiete Coutinho, e da CEF (Caixa Econômica Federal), Álvaro Mendonça. A crise do Econômico era aguda desde o ano passado. FHC ainda era ministro da Fazenda, em fevereiro de 94, e o banco já causava preocupação -devido a um balanço que mostrava compromissos de curto prazo e dinheiro a receber a longo prazo. A hipótese de intervenção no Econômico era analisada no BC já no início de 95. O governo optou, porém, por orientar a Caixa Econômica Federal a socorrer o banco com empréstimos no mercado interbancário. O próprio BC chegou a emprestar R$ 1,9 bilhão em sua linha de socorro financeiro. (Marta Salomon e Gustavo Patu) Texto Anterior: Bancos aplicam R$ 3,6 mi no Congresso Próximo Texto: Febraban não interfere em doações Índice |
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