São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Diabetes eleva o risco de problemas no coração
JAIRO BOUER
O diabetes é uma alteração persistente nas reações químicas que controlam os níveis de açúcar no sangue. Além do diabetes, o ministro enfrentava outros fatores de risco para um infarto -pesava 120 kg, era hipertenso, levava uma vida sedentária, estava exposto a um nível elevado de estresse e seu colesterol andava alto. Normalmente, a glicose (açúcar que é a principal fonte de energia do organismo) chega ao sangue por meio da digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes. A glicose fica na circulação e sua entrada nas células é controlada pelo hormônio insulina, produzido pelo pâncreas. A insulina tem pontos específicos de ligação (receptores) nas células. Quando a insulina se liga ao seu receptor, ela ``abre a porta" da célula para a entrada da glicose. O endocrinologista Renato Oppenheim explica que, sem insulina ou sem receptores, a glicose não entra nas células e o açúcar acaba se acumulando no sangue. O excesso de açúcar é eliminado pela urina -o diabético urina muito mais do que o normal. O aumento do volume urinário faz o organismo perder muita água e a pessoa sente sede. Para compensar a falta de glicose, o organismo começa a ``quebrar" suas gorduras e proteínas como fontes alternativas de energia. Como consequência, o diabético pode ter um emagrecimento acentuado e sentir fraqueza. Com o tempo, níveis elevados de açúcar no sangue podem danificar as paredes dos vasos sanguíneos e dos nervos. Assim, o diabético não controlado tem a circulação sanguínea mais precária e fica suscetível a problemas como hipertensão arterial (pressão alta), infartos, derrames e insuficiência renal. O coração é um dos principais alvos do diabetes. As alterações nas paredes das artérias coronárias comprometem a irrigação de sangue para o músculo cardíaco. Assim, em situações de estresse ou esforço físico (quando aumenta a demanda de sangue para o coração), o diabético pode sentir angina (dor intensa no peito) e até sofrer um infarto. Como as alterações nos nervos alteram a sensibilidade à dor, o diabético pode ter anginas e pequenos infartos, durante vários anos, sem perceber o que está acontecendo. Só um cuidadoso exame de eletrocardiograma (que mostra a atividade elétrica do coração) revela a anormalidade. Outros problemas podem surgir, como alterações em nervos e vasos, que causam deterioração da retina (responsável pela visão), levando à cegueira progressiva. Texto Anterior: Cirurgia de Jatene completa 20 anos; O NÚMERO; O perigo do dengue está nos mosquitos; Estetoscópios precisam ser lavados, diz médico; Livro abordará as doenças do miocárdio; Teste concede título para acupunturista Próximo Texto: Endocrinologista diabético lança livro sobre a doença Índice |
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