São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diabetes eleva o risco de problemas no coração

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos fatores responsáveis pelo infarto que o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, sofreu no último dia 18 foi o diabetes -uma doença que chega a atingir 9% da população.
O diabetes é uma alteração persistente nas reações químicas que controlam os níveis de açúcar no sangue. Além do diabetes, o ministro enfrentava outros fatores de risco para um infarto -pesava 120 kg, era hipertenso, levava uma vida sedentária, estava exposto a um nível elevado de estresse e seu colesterol andava alto.
Normalmente, a glicose (açúcar que é a principal fonte de energia do organismo) chega ao sangue por meio da digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes.
A glicose fica na circulação e sua entrada nas células é controlada pelo hormônio insulina, produzido pelo pâncreas.
A insulina tem pontos específicos de ligação (receptores) nas células. Quando a insulina se liga ao seu receptor, ela ``abre a porta" da célula para a entrada da glicose.
O endocrinologista Renato Oppenheim explica que, sem insulina ou sem receptores, a glicose não entra nas células e o açúcar acaba se acumulando no sangue.
O excesso de açúcar é eliminado pela urina -o diabético urina muito mais do que o normal. O aumento do volume urinário faz o organismo perder muita água e a pessoa sente sede.
Para compensar a falta de glicose, o organismo começa a ``quebrar" suas gorduras e proteínas como fontes alternativas de energia. Como consequência, o diabético pode ter um emagrecimento acentuado e sentir fraqueza.
Com o tempo, níveis elevados de açúcar no sangue podem danificar as paredes dos vasos sanguíneos e dos nervos.
Assim, o diabético não controlado tem a circulação sanguínea mais precária e fica suscetível a problemas como hipertensão arterial (pressão alta), infartos, derrames e insuficiência renal.
O coração é um dos principais alvos do diabetes. As alterações nas paredes das artérias coronárias comprometem a irrigação de sangue para o músculo cardíaco.
Assim, em situações de estresse ou esforço físico (quando aumenta a demanda de sangue para o coração), o diabético pode sentir angina (dor intensa no peito) e até sofrer um infarto.
Como as alterações nos nervos alteram a sensibilidade à dor, o diabético pode ter anginas e pequenos infartos, durante vários anos, sem perceber o que está acontecendo. Só um cuidadoso exame de eletrocardiograma (que mostra a atividade elétrica do coração) revela a anormalidade.
Outros problemas podem surgir, como alterações em nervos e vasos, que causam deterioração da retina (responsável pela visão), levando à cegueira progressiva.

Texto Anterior: Cirurgia de Jatene completa 20 anos; O NÚMERO; O perigo do dengue está nos mosquitos; Estetoscópios precisam ser lavados, diz médico; Livro abordará as doenças do miocárdio; Teste concede título para acupunturista
Próximo Texto: Endocrinologista diabético lança livro sobre a doença
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.