São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Empresa cria condomínio de fornecedores

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a redução dos estoques e a racionalização do processo de produção, a Ford vai liberar, em sua fábrica de São Bernardo, 77 mil metros quadrados de área construída, de um total de 382 mil metros quadrados.
Essa sobra de espaço permitirá a introdução da maior novidade no processo de reestruturação da produção da empresa. É o que a Ford está chamando de ``condomínio industrial".
Alguns dos principais fornecedores vão se instalar no interior da fábrica, em galpões que eram usados para estocar peças e para montagem de outros modelos.
O condomínio de fornecedores da Ford pode ser considerado um subproduto do chamado ``modelo López".
O sistema recebeu esse nome por ter sido inicialmente idealizado pelo vice-presidente mundial da Volkswagen, José Ignacio López de Arriortúa.
Uma de suas características é a presença do fornecedor no interior da fábrica, entregando conjuntos de peças na linha de montagem.
A Ford vai alugar os galpões a alguns de seus fornecedores. Eles vão receber peças de subfornecedores, farão a montagem do conjunto dentro da fábrica e o entregarão na linha de montagem no momento programado. Sem necessidade da manutenção de estoques elevados.
``No início da produção, em abril de 96, esperamos contar com três ou quatro empresas já instaladas", diz Ferran. ``Mas temos espaço para pelo menos dez."
Ferran não revela o nome dos fornecedores que deverão entrar nesse sistema. Eles vão entregar os conjuntos já montados e negociar prazos e preços com os subfornecedores. ``Os fabricantes de suspensão e pedaleira é quase certo que virão", afirma Ferran.

Pintura
Outra inovação importante é a terceirização do trabalho de pintura dos veículos.
``Vamos entregar a operação da cabine de pintura para o fornecedor. Ele fará todo o serviço de preparação da tinta. Não haverá funcionários da Ford na operação", conta Carlos Augusto Marino, diretor de relações trabalhistas da Ford.
Como o fornecedor da tinta vai trabalhar diretamente na linha de montagem, Ferran prefere ser cauteloso. Diz que nada está definido e que o sistema está em testes.
``Vamos produzir 70 veículos por hora. E nesse ritmo não há margem para erro."
Mas Luiz Marinho, 35, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, confirma que já existe um acordo fechado entre sindicato, Ford e a Renner, empresa que vai fornecer e preparar a tinta.
``A Renner vai ficar responsável pelo processo e os 25 funcionários do setor serão transferidos para a empresa."

Por encomenda
Ferran conta que a Ford terá uma grande arma para conquistar o consumidor a partir do lançamento do Fiesta.
A montadora vai entregar o carro por encomenda. ``Vamos garantir a entrega do carro encomendado em, no máximo, 60 dias." E o objetivo final é chegar a 15 dias. ``Ninguém faz isso no mundo ainda."
A entrega do carro por encomenda, na data combinada com o comprador, envolve, diz Ferran, um grande esforço logístico. Toda a cadeia de fornecedores precisa entregar peças e componentes no momento exato em que o carro está passando na linha de montagem.
``É o que chamamos internamente de entrega serializada."
O fornecedor vai produzir uma peça para um carro específico, já encomendado pelo cliente.
Ferran conta que a automação da montagem do Fiesta vai permitir que versões diferentes dos modelos sejam produzidas em uma mesma sequência, sem necessidade de qualquer mudança no equipamento.
``Será possível até montar um carro de duas portas e, em seguida, um de quatro portas", explica.
(APF)

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