São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Cartas saem ano que vem

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

O centenário de Canudos em 97 já está sendo preparado nas editoras e academias.
Saem nas próximas semanas as ``Obras Completas" de Euclides da Cunha, em dois volumes com papel-bíblia, pela editora Nova Aguilar, e a 37ª edição de ``Os Sertões", da editora Francisco Alves. A Unicamp tem no prelo ``Euclides da Cunha na Biblioteca Nacional", obra organizada pelas bibliotecárias Vera Fürstenau e Márcia Garcia.
Para março do ano que vem, a Edusp planeja lançar o volume com a correspondência completa de Euclides da Cunha. José Calasans promete para o centenário o seu ``Dicionário de Canudos", com 600 verbetes, obra há muito tempo ruminada. Roberto Ventura quer lançar, no início de 1997, pela Companhia das Letras, a biografia de Euclides.
As ``Obras Completas" não contêm novidades em relação à primeira edição da Aguilar, de 1966. Erros e empastelamentos foram reparados. Mas a organização e o estudo são os mesmos de 19 anos atrás, a cargo do crítico Afrânio Coutinho.
A Francisco Alves suprimiu introdução e notas na nova edição de ``Os Sertões". ``A idéia é fazer um livro luxuoso, que restitua o prazer original da leitura", diz o presidente da editora, Carlos Leal.
A bibliografia de Euclides tem 4,7 mil verbetes em 396 páginas. O objetivo do volume é rastrear todas as obras existentes sobre o assunto.
As obras mais aguardadas são a correspondência completa e a biografia. A primeira foi organizada pelos pesquisadores Oswaldo Gallotti e Walnice Nogueira Galvão. O livro vai revelar detalhes sobre as opiniões políticas de Euclides.
Ventura trabalhou durante quatro anos na coleta de dados para reconstituir o perfil do escritor. Está iniciando a redação definitiva da obra. Além dos episódios rocambolescos que envolveram o assassinato de Euclides, o biógrafo vai descrever o processo de desilusão revolucinária experimentado por ele.
``Canudos é o ápice de sua crise de uma utopia republicana", diz Ventura. O livro retratará o início da República como um dos momentos mais repressivos e corruptos da história do Brasil. (LAG)

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