São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Anos 80 têm revival em clubes de SP

CLAUDIA LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sair de casa e ser convidado a chacoalhar ao som de bandas como B-52's, Duran Duran e Echo & The Bunnymen. Isso é possível de novo. Algumas casas noturnas da cidade resolveram apostar todas as sua fichas na volta dos anos 80.
Quem não aderiu totalmente reserva pelo menos uma noite da semana ao gênero.
Lugares como Cha Cha Cha e o espaço Retrô -antigo reduto gótico da cidade- mostram que o público jovem também quer matar saudade.
Desde julho, o Cha Cha Cha dedica as segundas ao "I Like Mondays", noite em que os Djs Jeff Paiano, 25 e Fábio Spavieri, 21 se revezam nas "pick-ups" e tocam os hits mais significativos da época. O nome da noite é uma alusão à canção homônima da banda inglesa Boontown Rats.
Segundo eles, a iniciativa de criar a "festa" aconteceu por pura falta de opção: "Hoje em dia só se ouve aquele techno pasteurizado. Resolvemos trazer para pista um som que a gente gosta e não tinha onde escutar. De quebra, ainda matamos a saudade", diz Spavieri.
As noites do Cha Cha Cha são bem ecléticas -tanto no som quanto de público. O som vai dos famosos acordes dos Smiths, reis absolutos das paradas da época, até a batida dance do Deee-Lite, sucesso em 89. Para completar o clima "eighties", Jeff e Fábio contam com o apoio do hostess "Zé Preto" e participações do DJ Magal, ambos velhos conhecidos da noite undergrond paulistana por suas colaborações com lugares como Rose Bom Bom, Madame Satã e Anny 44.
O Espaço Retrô, que abriu suas portas em 87, num antigo casarão no largo Santa Cecília, oermaneceu como "point" absoluto de darks, góticos e afins até 1991. Em agosto deste ano, Roberto Cotrim, 39, resolveu reeditar o sucesso da casa em novo endereço, também em Santa Cecília: "As pessoas pediam muito a volta do Retrô porque sentiam falta de um lugar que tocasse algo além do "tchitum tchitum" das danceterias dos Jardins", afirma.
Com Djs da "Velha Guarda" como Kid Vinil e Toninho Peuê e uma discotecagem menos pop, o Retrô continua ainda que timidamente atraindo o mesmo séquito de frequentadores de seus áureos tempos, que vão ao lugar tanto pela discotecagem quanto pelo clima de nostalgia. Caso das irmãs Juscelei e Claudia Reimondi. "Frequentava o Retrô antigo desde os meus 19 anos e achei muito legal que o lugar tenha voltado. Gosto do clima porque me remete à Inglaterra, com toda aquela atmosfera antiga e sombria, bem diferente deste tropicalismo todo do Brasil", diz Juscelei, 23.
Para Claudia, 19, a volta do Retrô funciona como uma ``tentativa de salvar a gente da lama e de todo o marasmo".
Embora os frequentadores das "noites 80" não tenham hoje mais do que vinte e poucos anos -à época eles deveriam ter por volta de 15- a impressão que se tem é de que muitos deles passaram todo este tempo sem nenhuma boa opção para se divertir. Resta saber onde eles andaram por todo este tempo.

Brechós
Nada é mais apropriado que uma roupa preta de brechó para usar em uma noite de revival. Quartéis-generais dos modernos da época, essas casas de roupas e acessórios usados ainda fazem sucesso.
O brechó Universo em Desfile -o mais famoso e talvez um dos mais antigos da cidade- mantém em suas araras os indefectíveis pretos e alguns modelos psicodélicos da década de 60.

CHA CHA CHA: segundas, a partir das 23h, r. Tabapuã, 1.136, Itaim.
ESPAÇO RETRÔ: quintas, sextas, sábados e domingos a partir das 23h, r. Fortunato, 34, Santa Cecília.
UNIVERSO EM DESFILE: r. Teodoro Sampaio, 1376.
ANOS 60: r. Eça de Queirós, 171.
BRIC A BRAC: r. Augusta, 1.690, loja 16.
EM ALGUM LUGAR DO PASSADO: Al. Itú, 1.493.

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