São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Pane à vista; Esterilização; Brinquedos contrabandeados; Internet; Ensino religioso; Homossexualismo; Servidores; Cigarro; Pelé

Pane à vista
``Em editorial intitulado `Pane à vista', a Folha de 30/9 menciona as recentes panes na telefonia interurbana de São Paulo como evidência do `descompasso entre o arcaísmo de um sistema estatizado de telecomunicações no país e a vertiginosa eficiência desses serviços nos países desenvolvidos'. O `arcaísmo' de que fala a Folha refere-se, na verdade, a um parque de quatro centrais telefônicas interurbanas do tipo CPA-T, o que significa a última palavra em equipamentos dessa natureza, nos quais estão incorporados todos os avanços tecnológicos disponíveis nos países mais desenvolvidos. A `modernidade tecnológica', reclamada para o Brasil pela Folha, já está presente em nosso setor. O problema constatado em uma das centrais deve-se a uma falha no software, produzido por uma empresa multinacional com sede no Japão, um dos países líderes do mundo no setor de telecomunicações. Três dias depois do editorial, a própria Folha publicou, em sua primeira página, a informação de que `a NEC do Brasil admitiu que panes telefônicas de São Paulo ocorreram por falhas no programa de computador desenvolvido pela empresa'."
Claudio Reis Vieira, departamento de Comunicação Social da Embratel (Rio de Janeiro, RJ)

Nota da Redação - O fato de que há algo de errado com o atual sistema telefônico brasileiro é facilmente comprovável quando se verifica que, num país como os EUA, onde existe concorrência, a frequência de panes é muito inferior à do Brasil.

Esterilização
``Muito me sensibilizou o artigo de Josias de Souza sobre o drama vivido por sua mãe na busca de uma laqueadura. Essa é uma situação vivida por milhares de mulheres neste Brasil sem alternativas de contracepção. Por isso, criamos na Câmara uma comissão de acompanhamento da implantação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), assim como foi aprovada na Comissão de Seguridade emenda da deputada Rita Camata propondo rubrica especial para tal fim no Orçamento. Precisamos unir nossas forças para que o projeto do deputado Eduardo Jorge sobre planejamento familiar, que entra em votação nesta próxima semana no Senado, seja aprovado. Com todo respeito pela angústia das mulheres que vivem situação de desespero, não podemos cair no falso pressuposto de que a esterilização deva ser `oficializada' como método anticonceptivo de massa. A esterilização deve ser uma opção e não a única saída."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Brinquedos contrabandeados
``Não dá para acreditar no que eu li no `Painel S/A' de 4/10: que a Abrinq está fazendo a maior força para que sejam destruídos US$ 10 milhões de brinquedos contrabandeados. Será que ninguém lá nunca ouviu falar em orfanato? Vamos lá, o Aurélio explica: `Orfanato. S.m. 1. Orfandade. 2. Asilo para órfãos. 3. Fig. Abandono, desamparo.' Precisa dizer mais, senhores?"
Juão França (São Paulo, SP)

Internet
``A página da Folha na WWW (http://www.embratel.net.br/infoserv/agfolha/) está excelente, constituindo uma contribuição inestimável para a informação dos brasileiros que vivem no exterior. Pude ler hoje (4/10), com tristeza, o lamentável atentado ocorrido no Itamaraty que vitimou nossa colega Andréia. Seja qual for o conteúdo da informação, o importante é que ela esteja disponível e possa ser conhecida. Recebam os cumprimentos pela iniciativa. Espero também que visitem a página da Embaixada em Londres (www.demon.co.uk/Itamaraty)."
Eduardo Gradilone, conselheiro da Embaixada do Brasil em Londres

Ensino religioso
``Estamos inconformados com o critério adotado no `Painel do Leitor', com posicionamentos sempre contrários à implementação do Ensino Religioso nas Escolas (ERE) na rede estadual. Temos conhecimento de uma série de cartas não publicadas de pessoas que há anos atuam na área. Aproveitamos a ocasião para manifestar que o ERE é interconfessional, ecumênico e não visa privilegiar a Igreja Católica."
José Roberto Simão, seguem-se mais três assinaturas (São Paulo, SP)

Homossexualismo
``Parabenizamos o sr. José Antônio Trasferetti pela coragem de enfrentar a hierarquia da Santa Madre Igreja Católica com relação aos homossexuais (Folha, 3-2). Afinal, foram poucos os que tiveram a ousadia de divergir das recomendações do Vaticano, que condena gays e lésbicas ao ostracismo, inclusive afirmando que a homossexualidade é intrinsecamente má."
Toni Reis, secretário-geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (Curitiba, PR)

Servidores
``É sintomático que o sr. Bresser Pereira tenha falado sobre o apoio da imprensa à reforma administrativa em seu artigo `O cidadão e o servidor'. É incontestável o apoio da imprensa, o que chega a parecer uma verdadeira campanha para denegrir ainda mais a imagem do servidor público. O referencial é sempre o funcionalismo público de Brasília. Os que trabalham fora de Brasília deveriam ser melhor conhecidos."
Carlos Bianchi (São Bernardo do Campo, SP)

Cigarro
``Muito fraca a argumentação do diretor de revistas na Revista da Folha de 17/9 na defesa da tese de que menos cigarro não significa mais civilização. Primeiramente, nunca se pretendeu que no combate ao nocivo vício do tabagismo se estivesse lutando pelo fim de tudo o que possa ser rotulado de `incivilizado'. Em segundo lugar, o fato de os americanos usarem o próprio cabelo como fio dental ou gostarem de não dar descarga são decorrentes da mentalidade local, ou seja, tal pesquisa teria resultados muito diferentes se feita na Bélgica, no Canadá ou no Brasil, independentemente de quanto se combata o fumo nesses locais; mesmo que alguns dos `achados' possam ser utilizados para avaliar o grau de civilização de um país. Principalmente, mesmo que o sr. Caio Túlio não queira aceitar, a diminuição do número de pessoas que cultiva um hábito comprovadamente muito prejudicial à sua própria saúde e à de outros, ainda mais quando socialmente aceito e até valorizado pela mídia, é um sinal de civilização."
Márcio C. A. Moreira (São Paulo, SP)

Pelé
``Sobre a opinião do leitor Junios Paes Leme, sabemos do Pelé somente o que foi mostrado pela TV, ou seja, seus melhores lances. Fazer mil gols nas defesas medíocres daquela época, sei lá se é motivo para se vangloriar. Depois que eu vi os jogos de 70 pela TV, ficou evidenciado o conto da carochinha. Aquele futebol maravilhoso só é maravilhoso para os inveterados saudosistas. E não tenham dúvida de que, se bobearem, o Maradona vai ganhar a Copa de 98 para os argentinos."
Juscelino Dornelas Pereira (Uberlândia, MG)

``A opinião do jogador Alemão, publicada na Folha de 30/9, de que Maradona é melhor do que Pelé foi infeliz pelo fato de que, sendo gênio, não se pode compará-lo ao normal. O rei é incomparável. Ele chutava, passava, lançava e driblava usando os dois pés. Maradona usa só o esquerdo. Pelé fez mais de 1.200 gols, e o argentino? O atleta do século tinha uma grande impulsão, por isso fez muitos gols de cabeça -talvez mais do que o argentino fez com os pés. Maradona deve ser comparado a seus iguais: Zizinho, Didi, Gérson, Tostão, Rivelino etc. Nasce no Brasil muitos Maradonas, mas até hoje o mundo aguarda outro Pelé."
Aloisio Luz de Andrade (Santos, SP)

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