São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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eleitos do chefe são yuppies

SERGIO TORRES

Ao contrário do "velho hippie" Hélio Luz, seus meninos de ouro na polícia seguem o estilo executivo nas roupas e atitudes. Nada mais diferente do aspecto de Luz do que o aspecto de seus comandados.
É como se um remanescente do festival de Woodstock chefiasse um bando de yuppies operadores de bolsas de valores, na comparação maldosa de um dos muitos desafetos de Luz na Polícia Civil.
Os jovens delegados praticam jet ski nos (poucos, dizem eles) horários de lazer. Vestem ternos bem cortados e gravatas de grife. Não dispensam a combinação entre cinto, sapatos e cartucheiras de couro -onde guardam pistolas modernas.
Vocação e investigação são as palavras mais usadas por eles, que, asseguram, imitam policiais de cinema ao gastar uma folga para fazer vigília junto a um orelhão usado por sequestradores.
"Estou na polícia por vocação. Sempre me identifiquei com a carreira", diz Luiz Antônio Ferreira, 38 anos, espécie de superdelegado da zona sul, área mais rica da cidade. Mesmo formado em direito e economia, Ferreira ingressou na polícia como detetive, há 15 anos. Ele fez concurso e, no ano passado, virou delegado.
Considerado o mais problemático setor da polícia, a DAS (Divisão Anti-Sequestros) é o reduto dos "eleitos" por Luz.
Dirige a DAS o delegado Alexandre Neto, 36 anos, formado há um ano e meio pela Academia de Polícia Civil.
Neto chefia 90 policiais, entre eles nove jovens delegados. A média de idade dos dez delegados da divisão é de 32 anos.
"Nossa geração é a do descomprometimento. Somos policiais por opção e não por falta de opção. Qualquer um de nós pode ser aprovado em concurso para juiz, promotor. Mas escolhemos a polícia", afirma Neto.
Há sete meses ele está longe de sua casa de praia em Saquarema (a 100 quilômetros do Rio), onde costumava passear de jet ski.
O Cisp (Centro de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública) serviu como "estufa" para a nova safra de delegados.
A partir do trabalho desenvolvido no serviço secreto da secretaria, os novatos foram arregimentados por Hélio Luz para ocupar cargos de confiança da Polícia Civil.
Um dos escolhidos é o delegado Vinícius George, 30, chefe do Serviço de Apoio da DAS. Primeiro colocado da turma de 150 delegados formados em 1994, George se diz um entusiasta da nova polícia.
"Não sei como era no passado. Mas, hoje, a investigação é a prioridade. Esta turma sabe investigar. E investigar sem tortura. Sabe usar a lei para dar segurança", diz o policial.

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