São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Cúpula do PT define prazo para o grupo de esquerda encerrar rebelião

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O PT vai dar um ultimato ao grupo de esquerda do partido que se recusa a ocupar cargos na Executiva Nacional do partido.
Se a resistência continuar até o próximo dia 28, quando o Diretório Nacional se reúne, os cargos serão preenchidos pela ala que dirige o partido.
A decisão da cúpula petista pode criar uma crise sem precedência no partido. As tendências de esquerda do PT obtiveram 46% dos votos na última convenção nacional. Os outros 54% ficaram com a Articulação e grupos aliados.
A esquerda queria ficar com a importante secretaria-geral do partido. Derrotada pelo grupo majoritário, retirou-se da reunião e, desde então, se recusa a ocupar outros sete cargos na direção petista.
O presidente do PT, José Dirceu, indicou uma pessoa de sua confiança, Cândido Vaccarezza, para a secretaria-geral.
A Folha apurou que a cúpula do PT decidiu partir para o confronto com o grupo de esquerda. Considera muito grave a resistência e está disposta a ir às últimas consequências -até o rompimento, se for o caso.
Dirigentes consideram a atitude da esquerda mais grave do que os episódios envolvendo a Convergência Socialista, grupo que pretendia manter independência dentro do partido e acabou expulso.
A esquerda do PT é formada pelas tendências Hora da Verdade, Democracia Socialista, Força Socialista, O Trabalho e grupos menores. Um de seus líderes é o deputado Arlindo Chinaglia (SP).
Ele foi um dos nomes recusados para a secretaria-geral. O grupo majoritário ofereceu ao grupo a 3ª vice-presidência, além de cinco secretarias e duas vagas como vogais. A esquerda não aceitou.
Os atritos de tendências no interior do PT vêm de muito tempo. Mas parecem chegar agora ao seu limite máximo.
Há vários cenários para a crise. Um deles já vem ocorrendo -a esquerda não reconhece a legitimidade da atual direção petista. O passo seguinte, que também já começou, é a insubordinação no interior do partido.
Mas podem ocorrer outras consequências -uma, embora pouca gente acredite nela dentro do PT, é o ``racha" no partido. Isso poderia levar à saída da esquerda do PT, a exemplo do que ocorreu com a Convergência Socialista.
Chinaglia diz que não chegará a tanto. Mas afirma que, se não houver acordo, o grupo não participará do Diretório Nacional. ``Eles que dirijam o PT sozinhos", diz. ``A militância não abrirá mão da democracia interna."

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