São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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TSE defende incentivo fiscal para doador

OLÍMPIO CRUZ NETO; AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Velloso, defendeu ontem a criação de mecanismos na legislação que permitam dar incentivos fiscais para os financiadores ou doadores de campanhas eleitorais.
Ele acredita que essa poderia ser uma forma de evitar que as empresas, ao fazerem doações aos candidatos, contribuam nas campanhas com o dinheiro hoje não declarado ao TSE ou à Receita Federal -o chamado ``caixa dois".
``A forma de impedir essas doações (clandestinas) é estabelecer algum tipo de ressarcimento fiscal ou dedução no IR (Imposto de Renda) para as empresas e pessoas físicas que ajudarem as campanhas", disse. ``Se isso não impedisse de todo, ao menos ajudaria a reduzir as doações clandestinas."
Velloso fez as declarações ao comentar a influência do poder econômico nas eleições de 94, mostrada ontem pela Folha no caderno Eleição S/A.
Segundo ele, a inclusão de recursos públicos do Orçamento da União no Fundo Partidário, previsto na nova Lei dos Partidos Políticos, é positiva, mas o Congresso precisa avançar na discussão.
``É correto destinar dinheiro público aos partidos, que afinal precisam ser fortalecidos numa democracia representativa como a nossa, mas não podemos parar aí. Os incentivos fiscais podem ser uma saída para tornar o financiamento transparente", disse.
O Fundo Partidário existe há três décadas. Foi criado pelo Congresso em 65, na aprovação da LOPP (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) revogada em setembro deste ano. O fundo era constituído com dinheiro das multas eleitorais, que sempre foram perdoadas.
Com a utilização de recursos do Orçamento da União, somente este ano serão repassados aos partidos cerca de R$ 33,7 milhões. O cálculo para a divisão do fundo prevê o repasse de 1% do valor total em cotas iguais para todos os partidos registrados no TSE.
O restante (99%) será dividido de acordo com o número de votos obtidos pelos partidos na eleição do ano passado para a Câmara. Só terão direito ao dinheiro partidos que tenham obtido pelo menos 5% dos votos para a Câmara.
O prefeito do Rio, César Maia (PFL), defendeu o fortalecimento do Fundo Partidário para ``gerar condições básicas de competição assemelhadas entre os partidos".
Segundo Maia, o sistema de voto em lista ``minimizaria a relação" entre os candidatos e os financiadores das campanhas. Nesse sistema, o eleitor vota em uma lista elaborada pelo partido, que indica, por ordem, os candidatos que ocupariam as cadeiras conquistadas no Parlamento.
O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Miro Teixeira (RJ), disse que o sistema de votação em lista transferiria a corrupção para dentro dos partidos, com um candidato ``pagando muito caro" para ser incluído entre os primeiros.
Miro defendeu o fortalecimento do Fundo Partidário, com títulos públicos resgatáveis a longo prazo (20 anos). O dinheiro obtido pelo governo com a venda do título seria distribuído entre os partidos.

Colaborou AZIZ FILHO, da Sucursal do Rio

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