São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Mulher iguala homem em caso de Aids

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O número de mulheres infectadas com HIV -o vírus da Aids- já é igual ao número de homens nos ambulatórios do Hospital das Clínicas (SP). No ano passado, um levantamento feito pela Secretaria Estadual da Saúde com cerca de mil portadores do vírus já indicava uma relação de uma mulher para cada dois homens infectados.
Entre os doentes de Aids -aqueles que já manifestaram sintomas da doença- a relação no Estado é de três homens para cada mulher. Dois anos atrás, a proporção era de quatro para um. Em 1984, para cada caso notificado de mulher, havia 84 homens doentes.
O crescimento da doença entre as mulheres no Estado -em relação aos homens- foi de 2.800% em 11 anos. ``A tendência é que o número de mulheres com Aids ultrapasse o de homens", diz o infectologista David Everson Uip.
Uip atende pacientes de classe média e média alta em seu consultório e dirige serviços do Hospital das Clínicas voltados para as classes pobres. Segundo ele, a clientela de mulheres -nos dois locais- já empatou com a de homens.
O serviço de epidemiologia da Secretaria da Saúde registra apenas os casos de doentes de Aids. Como as pessoas demoram em média seis anos para manifestar a doença, significa que os casos notificados em 95 e 94 foram infectados entre 88 e 91. Entre esses casos a proporção oficial é de três homens para cada mulher.
``Entre os que estão se infectando hoje, a proporção já é de dois para um", diz Artur Kalichman, coordenador-adjunto do programa de Aids da Secretaria da Saúde.
Desde 1994, a rede pública de saúde está sendo orientada a informar os casos de pacientes não-assintomáticos (portadores saudáveis) que procuram os serviços. O levantamento preserva a identidade dos pacientes, informando apenas dados como idade, sexo, escolaridade e situação de risco.
``Nos cerca de mil casos informados no ano passado, havia uma mulher para cada dois homens", diz Kalichman.
Augusto Yamaguti, do Hospital do Servidor Público (SP), diz que no seu serviço o número de homens é ainda bem maior que o de mulheres. ``Mas a tendência é a africanização da epidemia", diz.
Na África, onde grande número de casos se dá por transmissão heterossexual, o número de mulheres doentes já é maior que o de homens em alguns países.

O jornalista AURELIANO BIANCARELLI viajou ao Rio a convite da Abia e da Cebia.

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