São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Incidência maior da infecção é entre casadas

AURELIANO BIANCARELLI
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O mais alarmante no caso da epidemia entre mulheres é que a incidência do HIV está disparando entre aquelas que, aparentemente, estariam mais protegidas: as casadas e que têm um parceiro estável.
Pesquisa feita junto a 2.759 mulheres infectadas do Estado de São Paulo mostrou que 44,3% delas pegaram o vírus em relações sexuais. Desse grupo, 43% tinham parceiro sexual único no momento em que a doença foi diagnosticada.
A pesquisa foi feita pela médica Naila Janilde Seabra Santos, diretora da vigilância epidemiológica do programa estadual de Aids. As informações se referem às mulheres infectadas até 1992 no Estado.
``Entre as mulheres casadas, 54% pegaram o vírus em relações sexuais", diz Naila. Foram contaminadas pelos próprios maridos, em suas próprias casas. ``Essas mulheres não se vêem sob o risco da doença", diz a médica.
``Mesmo aquelas que sabiam que o marido usava drogas, ou que tinha outras relações, não acreditavam que corriam perigo."
Entre as mulheres infectadas por sexo, 19% sabiam que o parceiro era soropositivo. E cerca de 20% não tinham a menor informação sobre o risco que estavam correndo com seus companheiros. ``Esse grupo é o mais desinformado e difícil de ser atingido pelas campanhas", diz Naila.
É também o grupo que morre mais rapidamente: por não desconfiarem do risco que correm, só descobrem a infecção quando a doença já esta instalada, diz a médica.(AB)

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