São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Vítimas costumam inocentar maridos

AURELIANO BIANCARELLI
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A maioria das mulheres portadoras do vírus nunca perguntou a seus companheiros como eles se infectaram. No geral, elas inocentam o marido ou parceiro e cuidam deles quando caem doentes.
Esse quadro aparece em pesquisa feita pela antropóloga Denise Martins com 16 mulheres soropositivas da cidade de Santos (litoral paulista). ``Nenhuma delas tinha imaginado a possibilidade de contrair o vírus", disse Denise.
O tema Mulher e Aids -onde Denise falou da pesquisa- foi tratado em seminário realizado na semana passada no Rio pela Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids) e pela Cepia (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação).
O seminário constatou um paradoxo no efeito da doença sobre as mulheres. ``Elas cuidam do marido e do filho doentes, só depois vão cuidar delas", diz a psicóloga Jane Veríssimo, do Hospital Gaffreé e Guinle, do Rio.
``A maioria diz que a vida melhorou depois que descobriu que estava com o vírus", diz Denise Martins.
Em todas as situações, aparece a mulher preocupada em se proteger mais da gravidez que da Aids. ``Jovens que estão usando camisinha relatam que nos períodos não-férteis deixam de usá-la", diz a antropóloga Maria Luiza Heilborn, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. (AB)

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