São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Consórcios disputam avaliação da Vale

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Termina amanhã o prazo de inscrição para os consórcios que se candidatam a prestar consultoria de avaliação da Vale do Rio Doce.
O objetivo é chegar a um preço mínimo de venda das ações para privatização da estatal.
Os maiores especialistas do mundo na área de mercado de capitais e mineração devem participar da avaliação. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) coordena as inscrições, sem revelar o número de inscritos até agora.
Nove consórcios já são conhecidos pelo mercado. Eles disputam o serviço A (de avaliação econômico-financeira da estatal) e o B (avaliação e modelo de venda).
Os técnicos do BNDES afirmam que o consórcio vencedor será o que apresentar a melhor proposta técnica e o menor preço.
A assinatura do contrato com o consórcio vencedor será no final de dezembro. Os vencedores da avaliação (serviço A) terão 150 dias para apresentar o valor do preço mínimo. O consórcio escolhido para realizar o serviço B terá 180 dias para preparar o edital de venda.
O BNDES está dando prosseguimento ao processo de privatização da Vale, que deverá ocorrer no segundo semestre de 96.
Grupos internacionais como Lehman Brothers, Goldman Sachs e Robert Fleming estão abrindo escritórios no Brasil para participar da maior operação de mercado de capitais já realizada em países emergentes.
O banco de investimento norte-americano Salomon Brohers enviou seu vice-presidente, Antonio Wever, de Nova York para coordenar um grupo de 30 funcionários - que montaram escritório em hotel, no Rio - somente para preparar a proposta de avaliação da Vale. O Salomon Brothers tem parceria com seu associado no Brasil, o Banco Patrimônio.
O executivo Carlos Guimarães, do Lehman Brothers, está realizando várias viagens de ida e volta para Nova York nas últimas semanas. Guimarães será o principal executivo da Lehman Brothers no escritório que o banco de investimento norte-americano está abrindo em São Paulo.
A agitação entre as consultorias e bancos na preparação de suas propostas ocorre ao mesmo tempo em que há impasse entre o governo e o Congresso na privatização da Vale.
O governo quer que o Congresso acompanhe as etapas de venda da Vale sem interferir. O Congresso Nacional forma uma comissão para acompanhar a privatização da estatal e quer interferir nos destinos da empresa.
Outro aspecto que poderá tornar a estatal invendável é o valor estratégico dos direitos minerários (decreto de lavra e alvarás de pesquisa), que alcança US$ 40 bilhões. Isso, somado ao preço estimado da empresa em Bolsa, de US$ 10 bilhões, totalizará US$ 50 bilhões. Um valor elevado, mesmo com a oferta de venda das ações no exterior.
Há também auditores, como Claudio Bianchessi, da Bianchessi, que acreditam que a Vale não precisaria ser vendida para acertar as contas públicas se o Banco Central reduzisse os juros na emissão dos títulos públicos.

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