São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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A novidade

CIDA SANTOS

No vôlei, o assunto agora é um só: a Copa do Mundo, que vale três vagas para a Olimpíada.
No feminino, a novidade vem da Europa. A Holanda desbancou a Rússia e conquistou seu primeiro título europeu. Holandesas e croatas serão as representantes do velho continente na Copa do Mundo.
Um golpe duro para as russas, que, pela primeira vez na história, estarão fora desse torneio.
Mas o que é que a Holanda tem? Vamos começar por Elles Leferink. Essa canhota de 18 anos, 1,78 m, foi a sensação do Campeonato Europeu.
Ganhou o prêmio de melhor jogadora e deu a equipe uma certa ``brasilidade". Ela joga como atacante brasileira: bate do fundo aquela bola mais baixa e veloz, meio no estilo Hilma. Mais: saca o ``Viagem ao Fundo do Mar".
Dora Castanheira, assistente do técnico Bernardinho e ``espiã" do Brasil no Campeonato Europeu, dá mais pistas para a evolução da Holanda, que ficou em nono no último Mundial. Diz que o time está imitando o estilo brasileiro: jogando com velocidade na frente e cruzando o ataque pelo fundo.
As holandesas seguem a modernidade, que, hoje, no mundo do vôlei feminino, tem um nome: Brasil.
Pode reparar: nenhuma seleção tem tantas variações de jogadas com a brasileira. Cuba, você sabe, é bola alta, na ponta ou no meio. Os EUA são eficiência tática, um time estratégico, que joga de acordo com o adversário. A Rússia é um jogo mais baseado na força.
A Croácia, vice-campeã européia, segue o estilo russo. Com com menos variações de ataque. A maioria das bolas tem uma direção: a atacante Zelika Jovicic. O outro destaque é Irina Kirilova, levantadora da então URSS, campeã no Mundial de 90. Ela joga de frente para a rede e sempre deixa ao adversário uma eterna dúvida: será que vai levantar ou atacar?
Vale lembrar que a estréia do Brasil na Copa será contra a Croácia, no dia 3 de novembro. Ao técnico russo, Nikolai Karpol, restou a inconformação. Ele culpou o calendário pelo terceiro lugar da Rússia e o quarto da Alemanha.
Essas duas seleções tiveram apenas 12 dias de intervalo entre o final do Grand Prix, competição que exige fôlego e é disputada por 20 dias em cidades da América e Ásia, e o início do Europeu. Não à toa, russas e alemãs não conseguiram chegar à final do torneio continental. Como disse Karpol, o atual calendário do vôlei não é para atleta, mas para astronauta.

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