São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Apenas uma palestina aceita sair da prisão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um grupo de vinte mulheres palestinas se recusou ontem a deixar a prisão israelenses de Sharon, em Tel Mond (próximo a Tel-Aviv).
Somente uma das mulheres, Bashayer Abu Laban, 18, foi libertada depois de assinar termo de compromisso de que não participará de atos terroristas contra Israel.
Entre as palestinas presas está a brasileira de origem palestina Lamia Maruf, 28, condenada em 1989 por ter participado do assassinato de um soldado israelense no território ocupado da Cisjordânia.
Segundo o jornal israelense "Haaretz", Abu Laban cumpria pena de oito anos por tentar apunhalar um soldado israelense.
``Nós recebemos documentos com perdão para 21 mulheres. Vinte delas se recusaram a assinar e permanecem na prisão. Somente uma (Abu Laban) assinou", disse um porta-voz da penitenciária.
As mulheres se recusaram a assinar o documento até que Israel concorde em libertar todas as prisioneiras, incluindo as quatro que não foram perdoadas pelas autoridades do país por estarem envolvidas em assassinatos.
Nesse grupo de quatro pessoas está a brasileira Maruf, segundo informou a agência "UPI".
O indulto imediato das mulheres palestinas presas em Israel faz parte do acordo de paz assinado no último dia 28 pelo líder da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, e pelo premiê israelense, Yitzhak Rabin.
Israel concordou em soltar ``todas as mulheres detidas e as prisioneiras", mas o presidente israelense, Ezer Weizmann, e as autoridades militares, que devem assinar as cartas de soltura, se recusaram a perdoar quatro mulheres envolvidas na morte de cidadãos israelenses.
As palestinas presas -entre 28 e 35- fazem parte do grupo de cerca de mil palestinos que também espera ser libertado.
``A cláusula dos prisioneiros indica claramente a soltura de todas as mulheres. Não serão aceitas justificativas", disse o porta-voz da OLP Nabil Abu Rdaineh.
Depois de conversações anteontem com o chanceler israelense, Shimon Peres, Arafat disse que a implementação de um acordo não poderia ser afetada pela disputa sobre prisioneiros.
Entre os temas do encontro estava a elaboração do calendário para a retirada dos soldados israelenses da Cisjordânia. Segundo a administração militar de Israel, a retirada deve começar amanhã.
Arafat decidiu libertar um dos principais líderes políticos do Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), Mahmud Zahar, preso em uma penitenciária em Gaza. Segundo boatos, Zahar foi torturado por guardas da prisão.
O Hamas se opõe ao processo de paz entre israelenses e palestinos e é acusado de promover atentados terroristas contra Israel e OLP.

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