São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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Ministro quer municipalizar assentamentos

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal pensa em municipalizar a reforma agrária. A informação foi dada ontem em São Paulo pelo ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira (PTB).
``Um prefeito tem condições de comprar terra muito mais barato para fazer reforma agrária", acha Andrade Vieira.
O ministro afirmou que não há prazo para definição sobre a conveniência ou não de municipalizar a reforma agrária, mas na sua opinião esse é o melhor caminho. ``Se fosse tarefa do município, talvez a gente impedisse a exploração política do assunto", disse.
Andrade Vieira criticou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Sempre utilizando o tratamento ``esse pessoal" para o MST, o ministro chegou a dizer que a troca de direção do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não significou qualquer avanço para a reforma agrária.
``A mudança não foi eficaz até agora porque esse pessoal não quer diálogo. O governo teve um gesto que sinalizou o entendimento, mas a resposta foi o aumento das invasões", criticou.
O ministro insistiu em enxergar ``razões políticas" na ação do MST. ``Eles (sem-terra) querem definir as fazendas para a reforma agrária e até quem será assentado", afirmou. Para Andrade Vieira, as duas tarefas não cabem ao movimento.
Andrade Vieira veio a São Paulo para filiar o sindicalista Luiz Antônio de Medeiros ao PTB. Em discurso, o ministro ensaiou críticas à equipe econômica.
``A agricultura vai mal porque a política econômica foi recessiva no primeiro semestre", disse. Em seguida, no entanto, o ministro recuou. ``Eram necessárias medidas de restrição de consumo, embora um tanto exageradas", declarou.
O ex-governador paulista Luiz Antônio Fleury Filho, que está saindo do PMDB, também participou da festa para Medeiros.
Fleury negou que esteja tentando ingressar no PTB, mas não descartou a possibilidade.
Medeiros foi saudado pela cúpula petebista como o ``braço sindical" que faltava ao partido. A direção nacional do PTB deslocou-se para São Paulo para saudar o sindicalista, que disputou o governo paulista em 94 pelo PP.
Entre os políticos petebistas que prestigiaram a festa de Medeiros estavam Nelson Marquezelli (líder da bancada ruralista na Câmara) e os ex-deputados Roberto Cardoso Alves e Gastone Righi.
Cardoso Alves provocou risos de parte da mesa ao rebater a afirmação de um orador sobre a ``índole pacata" do brasileiro. ``É piada falar em povo pacato num lugar em que se invade fazendas com tanta facilidade", protestou.
Medeiros descartou a possibilidade de concorrer a um cargo majoritário, após o fiasco eleitoral de 94. ``Posso ser candidato a um cargo legislativo em 98", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também filiou-se ao PTB.

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