São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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"Diferenças" no governo são exageradas, diz Malan

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ministro Pedro Malan (Fazenda) falou sobre a dinâmica interna do governo federal ontem em Washington (EUA), onde participou de reunião anual conjunta entre o FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.
Malan repetiu várias vezes em entrevista coletiva que muitas eventuais ``diferenças internas" durante o processo de formulação de políticas de governo no Brasil têm sido muito exageradas.
``Essas diferenças naturais são transformadas em graves divergências políticas", disse Malan, para quem é preciso se acabar com ``a fulanização, beltranização e sicranização da política".
Essas expressões representam, para Malan, o desejo de sempre se atribuir a ``fulano" um ataque a ``beltrano", defendido por ``sicrano". ``O importante é que se discutam os assuntos que afetam a sociedade".
Privatização
O ministro também falou sobre privatização e disse que ela não está sendo lenta.
Para ele, empresas estão sendo privatizadas com rapidez mas setores econômicos inteiros, como telecomunicações e energia elétrica, tomam mais tempo.
Citou os exemplos de Alemanha e Reino Unido, que levaram anos para privatizar seus setores de serviços públicos.
Relatório
Sobre críticas de dirigentes do FMI fizeram à recusa do Brasil em permitir que informações obtidas pelos técnicos da entidade fossem divulgadas em seu relatório anual, Malan disse que elas são injustas.
Malan diz que poucos países industriais colocam tantas informações sobre a economia à disposição do mercado com tanta rapidez quanto o Brasil e que para os técnicos do FMI, todas as informações são disponíveis.
``Mas eu prefiro que o relatório do Fundo seja feito da maneira mais franca e crítica possível. Se os técnicos do FMI sabem que o relatório vai ser divulgado ao público, vão ser mais cuidadosos no texto", disse.
Resíduos inflacionários
Pedro Malan disse também ser ``possível" manter o resíduo inflacionário em contratos de vendas de imóveis de mais de três anos de duração.
Para ele, isso não contraria a política de desindexação. ``Décadas de indexação não acabam de uma só vez", afirmou. Malan citou o exemplo da desindexação dos salários, feita aos poucos.

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Sobre resíduos à pág. 2-5

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