São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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Livro mostra produção de Carlos Bratke

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O arquiteto Carlos Bratke lançou no último domingo, na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires, um livro que mostra parte de sua produção arquitetônica.
Aos 27 anos de carreira, Bratke optou por apresentar projetos e obras realizados, basicamente, a partir dos anos 80. O lançamento do livro no Brasil -editado em português e inglês- está previsto para o começo do mês que vem no Museu da Casa Brasileira.
A grande surpresa é que o livro apresenta um Carlos Bratke diferente do que a maioria conhece. O livro enfatiza o desenho de Bratke, aquela faceta sempre presente mas até agora pouco salientada do arquiteto/artista plástico.
Não que nas 171 páginas do livro, que ganhou o nome de ``Carlos Bratke Arquiteto", não apareça o trabalho daquele que projetou 42 edifícios em 2 km da avenida Luiz Carlos Berrini (zona sul de São Paulo), quando ela ainda era um brejo, e praticamente mudou o pólo de convergência de escritórios das avenidas Paulista e Faria Lima para o Brooklin.
Este lado empreendedor está presente, mas o traço forte de seu desenho -sempre despreocupado com detalhes- revela o trabalho do arquiteto, que, como ele já afirmou, escolheu a arquitetura ``por falta de imaginação".
Carlos é filho do arquiteto Oswaldo Bratke, um dos nomes mais importantes da arquitetura moderna (arquitetura racional, sem ornamentos, que começou a se desenvolver no país fundamentalmente nos anos 20), e não são poucos os tios e primos que, também, trafegam pela arquitetura.
Dois textos em especial introduzem o leitor ao trabalho de Carlos Bratke. São eles de autoria do arquiteto Éolo Maia e do crítico de arte Jacob Klintowitz.
Sobre o desenho de Bratke, Klintowitz escreveu: ``É incisivo e direto. Evita o detalhe, não se alonga no supérfluo, recusa a retórica de explicar a si mesmo. É significativo o desejo do arquiteto Carlos Bratke de pensar através do desenho livre, cursivo, espontâneo".
O amigo Maia identificou na ``utopia artística" de Bratke um rompimento com a ``tradicional escola paulista". O livro reserva um capítulo inteiro para plantas e perspectivas.

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