São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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Aids

A Aids no Brasil assume cada vez mais o perfil epidemiológico verificado na África, onde o principal vetor de transmissão da moléstia são as relações heterossexuais.
No HC em São Paulo, o número de infectados masculinos e femininos já empata. Em 84, havia uma única doente para cada 84 homens padecendo da moléstia.
Se a Aids chegou ao Brasil por meio de uma elite homossexual que frequentava as casas noturnas de San Francisco (EUA), hoje falar em grupo de risco -talvez excluídos os usuários de drogas injetáveis- já não faz muito sentido. E aqui o Brasil revela sua vocação africana: um país pobre, com pessoas desinformadas e sem acesso aos meios de prevenção (a camisinha) e onde a prostituição é por vezes a única saída para alguns.
Para agravar a situação da mulher, especialistas acreditam que, numa relação sexual com um parceiro infectado, o gênero feminino corre maiores riscos. A transmissão do vírus se dá pela troca dos fluidos sexuais contaminados que chegam à corrente sanguínea através de lesões microscópicas decorrentes do atrito do coito. A vagina, por ser revestida por uma mucosa, é bem suscetível a esse tipo de lesão, principalmente nos casos em que lubrificação não é a ideal.
Essa mudança do perfil epidemiológico da Aids não pode passar despercebida pelas autoridades sanitárias. Mulheres de baixa renda e escolaridade constituem um alvo fundamental até agora pouco explorado pelas campanhas do governo. É urgente produzir peças vigorosas, como a do Bráulio, especialmente voltadas para esse grupo.

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