São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Estudos de ozônio ganham Nobel

DA REPORTAGEM LOCAL COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Três cientistas dividem o prêmio de química; pesquisa sobre partículas vence em física
O alerta para a destruição da camada de ozônio e a descoberta de partículas da matéria valeram a pesquisadores os prêmios Nobel (pronuncia-se "nobél") em física e em química de 1995, concedidos ontem pela Real Academia de Ciências da Suécia.
Três cientistas dividirão o Nobel de Química (US$ 1,03 milhão) por descobrir como se forma e como se destrói o ozônio na atmosfera.
Os americanos Martin Perl, 68, do Centro do Acelerador Linear de Stanford (Slac), e Frederick Reines, 77, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA), vão repartir o Nobel de Física (no mesmo valor) por detectar partículas chamadas tau e neutrino.
Os vencedores do prêmio de química são o holandês naturalizado alemão Paul Crutzen, 62, do Instituto Max-Planck (Alemanha), o mexicano radicado nos EUA Mario Molina, 52, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e o americano Sherwood Rowland, 68, também da Universidade da Califórnia em Irvine.
Molina e Rowland publicaram em 1974, na revista "Nature", o trabalho de maior impacto. Eles mostraram que gases chamados CFCs (clorofluorcarbonos) destroem o ozônio da atmosfera.
O gás ozônio forma uma camada que envolve a Terra, protegendo-a de raios ultravioleta do Sol. Esses raios são extremamente nocivos à vida, podendo causar câncer de pele e destruir plantações.
Usados em aerossóis e sistemas de ar condicionado, os CFCs eram vistos como gases não-poluentes que resolveriam o problema de refrigeração na Terra.
Molina e Rowland tiveram tanta influência que, após ser descoberto o buraco na camada de ozônio sobre os pólos, foi assinado o Protocolo de Montreal (1987), segundo o qual CFCs devem ser banidos do planeta a partir de 1996.
Crutzen foi um dos pioneiros nas pesquisas sobre ozônio. Mostrou em 1970 que substâncias à base de nitrogênio destroem o gás. Também ajudou a verificar que bactérias do solo e jatos supersônicos colaboram para a destruição.
Os vencedores do prêmio de física fizeram experimentos que detectaram partículas do Universo.
O tau foi detectado no acelerador de partículas do Slac pela equipe de Perl na década de 1970.
O neutrino, considerada a mais arredia das partículas por atravessar qualquer obstáculo, foi detectado pela primeira vez por Reines e por Clyde Cowan (morto em 74).
O estudo de neutrinos em raios cósmicos pode ajudar a explicar a origem do Universo.

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