São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
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BC não tem `pressa' para reduzir juros

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

As taxas de juros do Brasil continuarão caindo de forma lenta e gradual, ``sem pressa".
A afirmação foi feita ontem em Nova York pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, e pelo diretor de Assuntos Internacionais, Gustavo Franco.
``Não vamos ceder às pressões do Congresso para acelerar o ritmo do corte nas taxas de juros. Seria besteira colocar todo o plano de estabilização em risco por causa desse tipo de pressão", afirmou Gustavo Franco.
Os dois estiveram ontem em Nova York para falar a um grupo de investidores brasileiros e estrangeiros em seminário organizado pelo Banco do Brasil e pelo jornal ``Gazeta Mercantil".
Segundo Franco, o país vive um momento em que é preciso ter ``muito bom senso" para equilibrar as demandas de cada área.
``No início do ano, a economia estava a todo vapor e tivemos de adotar medidas para evitar que o superaquecimento colocasse o plano em risco. Agora, há uma ameaça de recessão e estamos flexibilizando a economia."
Franco afirmou que, apesar de as taxas de juros ainda estarem altas, não há razão para apressar a queda. ``Esse processo é o mais delicado e é preciso paciência."
O diretor do BC disse que é ``injusto" que as pessoas reivindiquem que as taxas de juros desçam aos mesmo patamares de anos anteriores.
``A situação do país mudou. Conquistamos muita coisa nos últimos 18 meses e, por isso, as taxas de juros também não podem ser as mesmas."
Franco ressaltou a importância de o Banco Central ser independente e afirmou que o Congresso deve se preocupar com outros assuntos em vez do corte nos juros.
``Para a estabilização dar certo, o Congresso precisa colaborar em assuntos como privatização e reforma fiscal. Mas a política de juros só diz respeito ao Banco Central. Temos autonomia total para decidir o que fazer."

Desemprego
Para Franco, o aumento do desemprego não é consequência de um princípio de recessão e não tem nenhuma relação com a alta dos juros.
``Com a abertura da economia e consequente liberalização, o país está passando por um processo de transformações estruturais. O número de empregos na indústria caiu, mas, em compensação, o do setor de serviços cresceu."

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