São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995 |
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Joey Arias expõe na tela a ferveção drag
GEANE BRITO
Quando chegou a cidade em 76, vindo da Carolina do Norte, Arias adotou o pseudônimo de Justine. Nos anos 90 virou Joey Arias de novo. Suas performances foram influenciadas por movimentos artísticos, como por exemplo, o Surrealismo com imitações de Salvador Dali e de sua mulher Gala. Ele falou de sua carreira a Folha em Nova York. Leia a seguir trechos da entrevista. Folha - Quais são as maiores inspirações no seu trabalho? Joey Arias - Billie Holiday, Andy Warhol e o diabo. Não, a terceira teria que ser catolicismo. Eu cresci numa casa de católicos. Missas, igrejas e ladainhas fizeram parte da minha vida. Folha - Você fala a sua idade? Arias - Nunca. As vezes, quando eu quero que as pessoas entendam o que eu realmente sou, eu digo: "Eu tenho entre 35 e a morte," imagine o que quiser. Folha - Existe uma diferença entre o seu trabalho e o das outras drags? Arias - Minha vida é uma eterna performance. Eu cresci num mundo de performances. A diferença do meu trabalho e o das outras drags é que elas usam uma outra pessoa como fachada. Elas se transformam na pessoa cujo nome elas representam. Eu extravaso da alma para o mundo exterior. Folha - Você fala que a Greenwich Village é o berço da cultura drag, porquê? Arias - Na verdade, a cultura drag está espalhada por toda a cidade. Mas a cultura drag que nós conhecemos nos anos 90, começou em Greenwich Village com a Lady Miss Bunny. Folha - O movimento drag era separado do movimento gay? Arias - Existia uma separação muito grande. Agora com a Aids, todos estão juntos. A comunidade é uníssona na verbalização da dor. A dor une as pessoas. Folha - Qual a diferença entre os drag shows de hoje, e aqueles do começo dos anos 70? Arias - Nos anos 70, todas queriam ser Barbra Streisand e Diana Ross. Agora o que vale é a imaginação. Folha - E a dublagem? Arias - Dublar é coisa de filme antigo. Hoje ganha quem faz comédia, quem desenvolve uma performance nova, picante. Folha - Você é também bem conhecido como colunista social. Arias - Nunca fui bom em gramática. Mas o pessoal que lê a ``Paper" gosta do meu jeito torto de escrever. Minha coluna vai fazer quatro anos. Eu adoro essa outra faceta, a de cronista. Folha - No Brasil, assim como nos EUA, drag é moda. RuPaul escreve uma biografia e vira garota propaganda com a marca de maquiagem Mac. Você acha que estas histórias de sucesso vão influenciar o pensamento que é fácil ser drag? Arias - Eu considero estas histórias uma grande inspiração. São sonhos e eu acho que ninguém deve ser impedido de sonhar. Não é fácil, mas existem muitas portas. A única forma de saber se elas estão abertas é tentando entrar. Excepcionalmente não publicamos a coluna Noite Ilustrada Texto Anterior: John Irving escreve roteiro de novo livro Próximo Texto: Filme estréia no Brasil Índice |
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