São Paulo, sábado, 14 de outubro de 1995
Texto Anterior | Índice

Ataques a Nossa Senhora; Português; Sequestro de Abílio Diniz; Esterilização; Nutrição celular; Campeonato brasileiro

Ataques a Nossa Senhora
``A agressão à imagem de Nossa Senhora Aparecida pelo `bispo' Sérgio Von Helder é deprimente e degradante. São esses os métodos utilizados pelos evangélicos para angariar fiéis? Como católico, me sinto profundamente abalado por esse ato de selvageria típico de pessoas mentalmente desequilibradas."
João Antonio Qualiotto (Laranjal Paulista, SP)

``Cenas de vandalismo e impropérios denotam o despreparo de pessoas que se dizem encarregadas de tornar a Bíblia a trilha da vida. Graças a Deus temos uma Constituição, que no seu art. 5º, inciso VI, nos garante a liberdade de crença. Sem ela, pelo visto, reinaria a barbárie."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

Futuro do país
``A postura debochada e arrogante de nosso presidente ante a desenfreada avalanche de desemprego, falências e misérias leva a crer que, caso não haja uma resposta rápida e eficaz de todos, o futuro do país é uma carreta sem freios descendo a serra. Vamos afastar os fatos sinistros, repensando os destinos do país e de seu povo."
Paulo Roberto Perez (Rio de Janeiro, RJ)

Português
``A Folha, jornal de leitura diária para mim, sempre me impressionou pelo português escorreito e revisão cuidadosa. No dia 9/10, li, em um de seus editoriais, com o qual concordo plenamente, críticas às barbaridades que se praticam contra a língua pátria. Animei-me, então, a fazer uma consulta. Aprendi, há anos, que o verbo `suicidar' é implicitamente reflexivo, sem necessidade de uso de pronome, uma vez que deriva do latim `sui caedere' (matar a si). No entanto, leio com frequência na Folha e em outras publicações a expressão `suicidar-se'. Como a língua é dinâmica, fico em dúvida. O português mudou nesse caso ou realmente a expressão está errada?"
Ciro Pereira da Silva (São Paulo, SP)

Nota da Redação - O leitor tem etimologicamente razão. O problema é que as línguas nem sempre obedecem à etimologia. E em português o verbo ``suicidar-se" é pronominal, carregando um certo pleonasmo aos ouvidos dos latinistas. É sempre possível fugir ao problema com expressões como ``cometer suicídio", mas existem teóricos que as condenam por constituir anglicismo.

Sequestro de Abílio Diniz
``Sou um dos integrantes em São Paulo de `um certo Comitê para Libertação dos Presos Políticos', conforme debochadamente afirmou o sr. Fernando Rodrigues em seu artigo de 27/9. Gostaria de salientar que os membros do comitê, ao contrário do que maldosamente o jornalista tenta sugerir, não recebem nenhuma remuneração pelo seu trabalho. Trata-se tão-somente de pessoas inconformadas com o julgamento de exceção e com a cegueira da população e da imprensa nesse massacre jornalístico e jurídico. Não negamos que houve o `fato' do sequestro, não queremos impunidade, queremos só um julgamento justo, com a aplicação do art. 59 do Código Penal, ou seja, a aplicação da pena conforme a culpabilidade, antecedentes, conduta social do agente, mais o art. 5, inciso XLVI, sobre a individualização das penas, bem como o art. 112 da Lei de Execuções Penais no que se refere ao direito ao semi-aberto, sendo que, mesmo prevalecendo essa pena absurda, os condenados já teriam direito a esse benefício. O crime é comprovadamente político, com motivação ideológica (embora completamente equivocada). Mas fosse realmente um crime comum, a lei ainda assim exigiria a aplicação correta dos artigos citados."
Fernando Machado Lemos (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Fernando Rodrigues - Como estudante de direito, o sr. Lemos deveria evitar confundir opinião com fatos. É isso o que faz ao afirmar que ``o crime é comprovadamente político".

Esterilização
``Sobre a lei aprovada pela Câmara Municipal que autoriza a esterilização masculina (vasectomia) e feminina (laqueadura de trompas) na rede pública municipal de São Paulo, entre os muitos argumentos contrários que o tema comporta desejo destacar os três que me parecem os mais importantes: 1) não há autorização da legislação federal para tal prática; sua realização em São Paulo, ainda que apoiada em lei aprovada pela Câmara Municipal e assinada pelo prefeito Paulo Maluf, não eximirá de responsabilidade criminal os médicos que realizarem vasectomia ou laqueadura respectivamente em seus e suas pacientes; 2) há inúmeros métodos de contraconcepção que podem ser adotados por um casal que deseja fazer planejamento familiar que não representam uma esterilização permanente; 3) o aumento no número de casamentos desfeitos, lamentavelmente, é uma característica de nossa época. Em consequência, quando de uma nova união conjugal, homens vasectomizados e mulheres com trompas laqueadas desejam reverter a operação feita, mas a reversão desejada somente é praticada com êxito em um número inexpressivo de casos, para frustração dos casais."
Nelson Guimarães Proença, líder do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)

Nutrição celular
``Em relação à matéria publicada na Revista da Folha (1/10), gostaria de fazer algumas colocações. Em primeiro lugar, o professor dr. Alberto Halpern me parece dar opiniões sobre um assunto que desconhece quando afirma que a nutrição celular, proposta pela Herbalife, é uma bobagem, complementando que é uma linguagem para justificar o injustificável. Deveria o digníssimo professor ter um pouco mais de humildade e honestidade para apenas dizer que desconhece o sistema e que, portanto, não pode emitir uma opinião. O professor Halpern desconhece uma companhia que tem 15 anos de fundação, 15 milhões de usuários e está em 28 países -e que tem uma equipe médica com profissionais de renome, doutorados e PhDs, que são os responsáveis técnicos pela elaboração das fórmulas dos produtos Herbalife. Esse programa, por mim já experimentado em grande número de pacientes de minha clínica, é a aplicação dos conhecimentos mais modernos da medicina ortomolecular e da nutrição. Quanto ao sistema de `pirâmide', gostaria apenas de informar que esse é um tipo de aplicação de administração criada há mais de 40 anos nos EUA, em tempos de crise industrial, quando se percebeu que os gastos de uma empresa poderiam ser diminuídos se a empresa dividisse com seus vendedores um percentual progressivo de acordo com as vendas. Muitas empresas utilizam esse plano de marketing, como a Tupware, a Natura, a Avon e outras. Me parece que as opiniões emitidas em tal reportagem são totalmente infundadas e cheias de preconceitos e que, por serem emitidas por emérito professor de endocrinologia e por um dos melhores jornais deste país, deveriam ser melhor estudadas para que não se cometesse o erro de jogar toda a `farinha no mesmo saco' sem `separar bem o joio do trigo'."
Jorge L. Hodick (São Paulo, SP)

Campeonato brasileiro
``Deixo aqui o meu repúdio à maneira bairrista e míope como a equipe esportiva deste jornal tem feito a cobertura do Campeonato Brasileiro. Dizer que o Cruzeiro classificou-se porque o Palmeiras empatou é mentira. Basta ver os próprios gráficos do Esporte para ver quem foi o melhor time da competição. Sei que é um jornal paulista, mas, se se pretende nacional, precisa aprender a ver o que ocorre além do violento e conturbado futebol paulista."
James William Goodwin Junior (Belo Horizonte, MG)

Texto Anterior: O serviço obrigatório e o voluntário
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.