São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Empreiteiras e bancos financiaram Covas

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

As empreiteiras que têm obras contratadas ou dívidas a receber do governo de São Paulo e os bancos foram os principais doadores da campanha de Mário Covas (PSDB) ao governo.
As firmas que alugam mão-de-obra e prestam serviços ao Estado também se destacaram no esquema de financiamento. A campanha do tucano custou oficialmente R$ 10,3 milhões -foi a mais cara de São Paulo.
O grupo da empreiteira OAS liderou o ranking das doações, com R$ 620 mil. O segundo lugar coube ao Itaú, com R$ 573 mil. Outra construtora, a Camargo Corrêa, vem em terceiro, com R$ 455 mil.
No setor de prestação de serviços, as empresas Tejofran e Power, que têm contratos com vários órgãos do governo paulista, declararam ter desembolsado R$ 190 mil (juntas) para o PSDB.
Essas duas firmas pertencem a Antonio Dias Felipe, amigo e padrinho de casamento do filho de Covas, Mário Covas Neto. Em julho deste ano, a Power ganhou um contrato sem concorrência pública, que deixou irritados dirigentes das empresas concorrentes.
Sob a alegação de ``emergência", a Power foi contratada, por R$ 1,9 milhão, para liderar um consórcio responsável por serviços de administração, limpeza e segurança da Empresa Metropolitana dos Transportes Urbanos.
A Lei de Licitações Públicas permite esse tipo de justificativa somente em casos extremos, como em caso de calamidade pública.
Sobre o caso, Covas disse que o seu governo não cometeu nenhuma irregularidade e não beneficiou o amigo. Procurado pela Folha, Felipe não comentou o assunto.
A EMTU declarou que enfrentou atraso no processo de licitação, por conta de recursos de empresas concorrentes na Justiça, e por este motivo adotou o critério da ``emergência", contratando empresas que já prestavam serviços no setor, como a Power.
A tendência de predomínio de empreiteiras nas doações seguiu também nas campanhas dos concorrentes de Mário Covas.
Barros Munhoz (PMDB) fez a segunda campanha mais cara, com gastos oficiais de R$ 3,7 milhões. Entre seus principais colaboradores aparecem a CBPO, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Francisco Rossi (PDT), que disputou o segundo turno com Covas, disse ter gasto R$ 1,9 milhão e também teve a ajuda da CBPO e Camargo Corrêa. José Dirceu, do PT, teve quase toda a campanha bancada por empreiteiros.

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