São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancários tentam se adptar à automação

MARTA AVANCINI

MARTA AVANCINI; ANA VINHAS
DA FOLHA SUDESTE

O processo de automação dos bancos começa a mudar o perfil dos bancários, com a eliminação de funções, e a forçar uma reestruturação do movimento sindical.
``A automação é um dos fatores que elimina a necessidade de ir ao banco. A redução dos quadros é consequência", diz David Zaia, 39, presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas e região.
Ele cita dados do Dieese que mostram que, de 88 a 93, houve aumento do número de gerentes da ordem de 10%. Em contrapartida, o número de escriturários caiu 8%.
``A automação mudou a vida de todos os profissionais, não só a dos bancários. Não foi um movimento abrupto", diz Gilmar Carneiro, 41, secretário de relações sindicais da diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Estimativas do sindicato em Campinas indicam que, no final de 94, havia cerca de 179 mil pontos atendimento eletrônico em todo o país, entre caixas automáticos e os terminais pessoais, contra 175 mil guichês de caixas nos bancos.
Os bancos também começam a investir na eliminação do uso de cheques, com a implantação de terminais eletrônicos em grandes redes de lojas e supermercados eliminaram também a necessidade de uso de cheques.
O Bradesco, por exemplo, oferece 480 pontos -entre lojas, supermercados e postos de gasolina- em 48 cidades em que os clientes podem usar cartão magnético para pagar contas.
``Vamos chegar a mil pontos até o começo do próximo ano", disse Odair Rebelato, 50, diretor regional do banco em Campinas.
A segurança e a rapidez da transação são as principais vantagens do novo sistema de pagamento, segundo lojistas.
Paralelamente à melhora dos serviços, houve uma redução de cerca de 500 mil postos de trabalho em bancos de todo o país desde 1989.
Desde o início deste ano, foram 106 mil demissões contra 60 mil admissões, uma redução de 46 mil postos de trabalho.
Zaia defende a necessidade de treinamento e requalificação, com a mudança muito rápida nas funções. ``Só vai ficar na categoria quem acompanhar a evolução e se adaptar", afirma Zaia.
Para Carneiro, a expansão do sistema financeiro do país fez com que não houvesse demissões em massa entre os bancários. ``Havia mais escriturários e caixas. Hoje, há mais comissionários."
Zaia diz ser preciso repensar um possível enfraquecimento do movimento sindical, já que, durante greves, os clientes podem continuar pagando contas, sacando dinheiro e realizando depósitos, sem precisar da ajuda dos caixas.
Segundo Zaia, na última campanha salarial, em setembro, por exemplo, durante as paralisações de meia hora ``engravatados" se comunicavam com clientes com telefones celulares.

Colaborou ANA VINHAS, da Redação

Texto Anterior: Bancada da contrução civil migra para base governista
Próximo Texto: Governo gasta 10% do PIB mexicano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.