São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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NA PONTA DO LÁPIS

MARCELO LEITE

A ``leitura" e a ``escrita" de gráficos, na minha avaliação, estão entre as habilidades matemáticas que mais rapidamente se deterioram.
Veja o caso da excelente reportagem na Ilustrada de anteontem (``Filme em TV paga satisfaz gosto médio"), toda ela construída sobre números. Teve um único escorregão -justamente na hora de apresentá-los sob a forma de gráficos.
O quadro ``Veja como são os filmes nos canais de TV paga" era subdividido em seis gráficos. O quarto deles, ``Década em que filmes foram produzidos", era o único a ser apresentado na forma de linha (veja reprodução). Todos os outros saíram na forma de barras.
Era um erro evidente, pois nada diferenciava aquelas informações quantitativas das demais. Também no caso das décadas em que foram produzidos, tratava-se de dividir e agrupar em classes os 752 filmes de outubro.
Não estavam em pauta valores medidos em intervalos regulares, como a taxa de inflação mensal, a temperatura ao longo do dia ou a altura de minhas filhas. Não há continuidade de um valor a outro, nem fluxo temporal, apesar da sucessão ordenada: anos 30, 40, 50, 60... Estes são só os ``nomes" das classes estipuladas.
Nada justifica a apresentação desses dados em uma curva contínua. Se essa percepção -tão intuitiva e tão abstrata- precisa no entanto ser explicada, é porque alguma coisa vai muito mal. Em particular nos jurássicos indifolhas, mas isso fica para depois.

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