São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Talento é imprescindível em artes plásticas

MARIA SANDRA GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

As artes plásticas no Brasil surgiram no século 18. Na Semana de 22 -marco do movimento modernista no Brasil-, os brasileiros romperam com a estética francesa e buscaram linguagens próprias.
Atualmente a categoria abrange um campo que vai muito além da produção de objetos de arte. Cenografia, crítica e restauração também fazem parte do mundo das artes plásticas.
Quem quer seguir essa carreira pensa, naturalmente, em cursar uma faculdade. Mas o mercado mostra que nem sempre é esse o caminho do sucesso.
A origem de artistas plásticos de renome são as faculdades de arquitetura. De uma delas veio, por exemplo, Luiz Paulo Baravelli.
``Fiz arquitetura na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da Universidade de São Paulo, até por falta de outras boas opções", diz Baravelli, 53.
O artista plástico Marcelo Nitsche, 53, também passou pela arquitetura da USP.
``Lá a formação é mais humana, o aluno tem uma visão geral e não aprende simplesmente a copiar modelos", afirma.
Para Nitsche, a faculdade conta muito, mas não é tudo. ``Talento é essencial. Tanto que muitos artistas plásticos famosos não fizeram curso algum", avalia.
Maria Isabel Ribeiro, 39, responsável pelo Museu de Arte Brasileira da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), concorda.
``A carreira já é difícil para quem tem talento. Sem ele, o melhor é desistir", resume.
Para ela, grande parte dos alunos de artes plásticas sonha em terminar o curso, montar um ateliê e organizar uma exposição. ``Só que existem outras opções", diz.
``Além da produção de arte -pintura e escultura-, o profissional pode organizar exposições em galerias, fazer crítica de arte, trabalhar com cenografia, restauração de objetos e dar aulas."
Segundo ela, dar aulas é o primeiro passo para entrar no mundo profissional das artes plásticas.
``Dificilmente o profissional sobrevive só da produção em ateliê", diz Nitsche. ``A maioria concilia o trabalho do ateliê com o da sala de aula."
``Há algumas regras vitais para sobreviver no mundo das artes plásticas", afirma.
``Visitar bons acervos, como o da Pinacoteca do Estado e o do Palácio dos Bandeirantes, é uma delas."
Para ele, também é importante olhar o mundo com atenção, sempre pesquisando novos materiais, e ter contato com outros artistas.
Baravelli também tem conselhos a dar. ``Artes plásticas é uma não-profissão. Só deve seguir essa carreira quem tem muita necessidade disso."
``Se houver uma ponta de dúvida, o melhor é seguir outra profissão que também envolva criatividade, mas que tenha mercado, como publicidade ou artes gráficas", diz.
``Tive sorte. Comecei numa época mais fácil, em que pude conhecer as pessoas certas e agarrar as oportunidades", afirma.
Ele diz trabalhar dez horas por dia. ``Mas passo 24 horas por dia captando idéias. É uma carreira que exige muito esforço pessoal."
(MSG)

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