São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Justiça italiana decide indiciar Berlusconi

Julgamento do ex-primeiro-ministro começa em janeiro

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-primeiro ministro italiano e magnata da televisão, Silvio Berlusconi, foi indiciado por suspeita de corrupção.
O anúncio foi feito ontem em Milão pelo juiz de investigações preliminares, Fabio Paparella.
Anteontem, Berlusconi deveria ter obedecido a uma convocação judicial do Tribunal de Milão, mas não compareceu.
Os juízes, reunidos em audiência preliminar, ontem, decidiram indiciá-lo por corrupção da polícia financeira.
Com a decisão, o tribunal aceitou um apelo da Justiça de Milão, que, em novembro do ano passado, abriu uma investigação contra o então primeiro-ministro.
A crise política gerada pela acusação obrigou Berlusconi a renunciar ao cargo em dezembro.
O magnata é acusado de ter corrompido fiscais federais responsáveis pelo controle das empresas do grupo Fininvest, uma das propriedades de Berlusconi.
Segundo participantes da Operação Mãos Limpas, responsável pelas investigações anticorrupção na Itália, três empresas do grupo Fininvest e a rede de televisão Telepiu teriam entregue, entre 89 e 92, um total de 335 milhões de liras (cerca de US$ 200 mil) em subornos aos agentes fiscais.
Desde o início das investigações, Berlusconi negou ter conhecimento desses pagamentos.
“Não é possível de maneira alguma demonstrar que eu conhecia os fatos de que acusam os dirigentes de meu grupo, nem que estes fatos constituam um comportamento culpável”, alegou ontem depois do anúncio da decisão do tribunal.
O magnata afirmou também que “se houve pagamento de subornos, estes só podem ter acontecido sob a pressão de desonestos agentes da polícia fiscal”.
O juiz das investigações preliminares, porém, considerou que, ainda que as comissões fossem pagas por dirigentes do Fininvest e não pelo próprio Berlusconi, este não poderia ignorá-las.
Outras dez pessoas envolvidas no caso foram indiciadas. Entre elas estão Paolo, irmão do ex-primeiro-ministro, Salvatore Sciascia, responsável fiscal do Fininvest e Giuseppe Cerciello, general da polícia fiscal. O início do julgamento está marcado para 17 de janeiro do próximo ano.

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