São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995 |
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Ricos driblam embargo comprando na Jordânia
JOÃO BATISTA NATALI
Todas as suas lojas permaneciam abertas na madrugada de quinta para sexta-feira. Vendiam barras de chocolate, lâmpadas, gomas de mascar, pneus sem câmara e café em pó. Os clientes desse comércio são os iraquianos abastados que pagam o equivalente a US$ 100 pelo visto de saída e, por meio de compras no comércio jordaniano, contornam o embargo comercial a que o país está submetido. Bagdá traz algumas marcas desse isolamento econômico forçado. A frota de automóveis envelhece com o não-fornecimento de Toyottas e Oldsmobiles, que até cinco anos atrás eram importados. Não há lojas de equipamentos de informática. No mercado negro, latinhas de Coca-Cola chegam a ser vendidas por até US$ 3. Os aviões da Iraq Airways estão desativados. Nenhuma companhia estrangeira pousa em Bagdá, e os passageiros são obrigados a fazer por terra os 915 km que separam Bagdá do aeroporto internacional da cidade de Amã, capital da Jordânia. Sobretudo, o que faz falta aos empresários são as peças de reposição para as suas máquinas e algumas matérias-primas. Mas não se vê uma privação extrema, longa e generalizada de bens de consumo, comparável à de Cuba sob o governo comunista de Fidel Castro. Produtos como roupas, calçados e bijuterias são abundantes nas lojas iraquianas. Nos restaurantes, não é preciso apresentar tíquetes de racionamento antes de encomendar um prato. Existem efeitos menos visíveis. Estatísticas da ONU revelam que 4 milhões de iraquianos, trabalhadores rurais sem mercado ou urbanos desempregados, estão abaixo da faixa necessária de nutrição recomendada internacionalmente. Ele tem sido hábil em transferir para a nação como um todo a responsabilidade que a comunidade internacional atribui somente a ele por seus projetos de ambição geopolítica no Oriente Médio. (JBN) Texto Anterior: Saddam se submete a referendo Próximo Texto: Arafat vem pedir auxílio do Brasil para palestinos Índice |
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